"Desafio muito grande", diz Ruy Brissac ao viver Dinho no filme de Mamonas Assassinas

Foto: Ana Clara Pires.

De 'Vira Vira' a 'Robocop Gay', não há quem não tenha crescido nos anos 90 sem ter ouvido ao menos um sucesso do Mamonas Assassinas. O grupo paulista de rock, que levou irreverência para o país em forma de música, teve uma passagem meteórica pelos holofotes e um fim trágico, que deixou uma marca no público que acompanhou a banda formada por Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Sérgio Reoli e Samuel Reoli.

No dia 28 de dezembro, o público poderá reviver um pouco da magia que foi a a banda que em pouco mais de 8 meses de trajetória, conseguiu conquistar o país e vender mais de 3 milhões de cópias no Brasil, com a estreia do longa 'Mamonas Assassinas – O filme'.

A produção, que tem direção de Edson Spinello e traz no elenco Ruy Brissac, Beto Hinoto, Robson Lima, Adriano Tunes e Rhener Freitas, teve a pré-estreia realizada em Salvador na última terça-feira (19), e o Bahia Notícias conversou com exclusividade com o protagonista do longa.

Foto: Imagem Filmes

Em entrevista ao site, Ruy Brissac falou sobre o desafio de levar Dinho para as telonas, uma das figuras mais carismáticas dos anos 90. 

"É um desafio muito grande recriar alguém que viveu, ainda mais um personagem como o Dinho, que é um ídolo nacional com uma potência muito grande, que comoveu o Brasil inteiro, então é incrível e muito desafiador. Quando eu recebi a resposta do teste e tal, eu fiquei muito feliz, eu falei, pronto, e agora vamos um passinho de cada vez, até porque também não é só um personagem, o Dinho era uma artista completo."

O ator revelou que para a construção do personagem, além de consumir em alta demanda todos os conteúdos produzidos pelos Mamonas ao longo da breve carreira, ele teve contato com familiares e amigos do cantor, para que pudesse levar algo além do lado artista para a produção.

"Na sala de ensaio a gente procurava viver mesmo os personagens, para tudo se tornar natural e foi incrível e tá sendo maravilhoso interpretar esse cara que só trouxe alegria pro nosso país. O contato com a família foi muito importante, né, para trazer esse ser humano. Porque a gente conhece o super-herói, o super-estar e a gente não conhece muito esse ser humano, então o contato com a família foi muito precioso, a cada detalhe para colocar no personagem, contato com os amigos, contavam histórias, então fui colocando o personagem."

Foto: Arquivo Pessoal

Além das referências pessoais, Brissac afirma que levou um pouco dele para o personagem e um pouco das próprias referências, que acabaram sendo as mesmas que Dinho utilizou para se formar como artista. 

"Fui criando referências também de rockstars como Elvis, Freddie Mercury, The Doors também, que eram inspirações reais do Dinho e que eu trouxe pra esse personagem também, para essa base de sentimentos. Eu coloquei coisas minhas também para se tornar naturais, porque a gente é muito parecido, não só na parte física, como também em tudo, nos bastidores. Então eu peguei um pouco da minha essência e coloquei ali também."

O acidente que vitimou a banda ainda segue como um tópico delicado para quem acompanhou o grupo. O dia 2 de março de 1996 é uma grande marca na história da música brasileira com o acidente que vitimou a banda após o jatinho que conduzia os artistas de Brasília para São Paulo bater na Serra da Cantareira, matando os cinco integrantes.

Questionado pela reportagem sobre a dolorosa lembrança do adeus aos Mamonas, Ruy contou que chegou a acreditar que tudo não passava de uma "brincadeira". O ator tinha 6 anos quando o acidente aconteceu e relatou que foi acordado pela mãe com a noticia.

"Lembro que eu tava no quarto, eu tava dormindo e minha mãe me acordou e ela falou que tinha acontecido um acidente com os Mamonas Assassinas, eu tinha 6 anos na época, foi meu primeiro contato com a morte, então criança eu não sabia que isso existia. E aí eu falei pra minha mãe, 'Não, relaxa, tipo, é de boa, eles vão aparecer, eles são engraçados, isso é só mais uma piada dos Mamonas'. Depois que caiu a ficha realmente que eles tinham ido, que eles tinham falecido, nossa, aquilo ali, aí eu chorei. Fiquei muito impactado, sabe? Que era uma energia tão forte, tão boa, tão incrível, e do nada sumiu, sabe, é como se fosse realmente um meteoro, uma estrela cadente."

Foto: Imagem Filmes

Aos fãs, Ruy garante que o longa conseguirá trazer um pouco de toda magia vivida nos anos 90 e fará uma grande homenagem ao grupo de rock. Ao falar sobre o momento preferido do filme, o protagonista cita o discurso feito por Dinho em um desabafo no Ginásio Thomeuzão.

"São vários momentos incríveis, mas para mim, o discurso do Thomeuzão foi muito importante, que foi aquele discurso onde o Dinho, os Mamonas, quando era Utopia, eles queriam fazer um show no maior estádio de Guarulhos e o diretor do estádio meio que humilhou eles. A partir do momento que eles viraram Mamonas Assassinas, eles fizeram questão de fazer o show nesse estádio e fazer um discurso pras pessoas acreditarem nos sonhos, que o impossível não existe. Eu me emocionei muito fazendo, foi a última cena que a gente fez, todo filme."