A burocracia atravanca o progresso

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | Entre os muitos problemas que enfrentamos diariamente, está presente o que chamamos de burocracia. Ela nasceu para ser algo normativo, padronizado, referencial, mas acabou se tornando em um meio que atrapalha mais do que facilita, atrasa mais do que progride e frustra mais do que enche de esperança.

Em qualquer repartição pública que adentramos, ali está a burocracia para nos impor uma série de documentos e assinaturas a que temos que nos submeter para obtermos o que tanto ansiamos. Seja no banco, na agência da Previdência, na fornecedora de energia, entre outros, lá sempre estará o “melhor” profissional do serviço público – o burocrata.

Infelizmente, tal comportamento burocrático faz parte até mesmo da cultura interna dos órgãos públicos. Quem trabalha em qualquer um deles, sabe como é difícil enviar um memorando sem o devido carimbo do emissor. É um vai-vem de documentos a serem corrigidos, em que muitos deles não passam pela aprovação do setor que os recebe simplesmente por estar em papel reciclável em vez de papel branco. Desperdiça-se tempo e emprega-se mal a mão-de-obra pública só por que a caneta utilizada para assinatura foi preta em vez de azul. Você já deve estar começando a entender a origem dos aborrecimentos e incômodos que lhe acometem ao visitar uma repartição pública.

Sem dúvida, um dos grandes beneficiados com a montanha de papéis e documentações que carecem de vistos é o cartório. A quantidade de reconhecimentos de firmas e autenticações que esse comércio realiza diariamente é difícil até de mensurar. Seja para abrir ou fechar uma empresa, seja para apresentar os documentos em um curso universitário, seja para regularizar um imóvel, enfim, para quaisquer dessas obrigações haverá um serviço cartorial a ser procurado. É a melhor forma de se ganhar dinheiro com a burocracia.

Não advogo uma vida sem regras, pelo contrário, elas são importantes, desde que contribuam para o avanço e o desenvolvimento. Infelizmente, a realidade brasileira é de cada vez mais normas e procedimentos que, em muitos casos, se contradizem. Em um dia dizem-nos que é necessário o contra-cheque do cônjuge; no outro, dizem-nos que isso não é obrigatório. Ficamos feito barata tonta, e o pior, sem nenhuma garantia de que o que estamos fazendo é realmente o meio correto.

Quão bom será quando não precisarmos levar noventa dias para regularizar a papelada para se abrir uma empresa. Quão bom será quando não precisarmos mais ir presencialmente ao banco para abrir uma conta. Quão bom será quando não precisarmos de tantas licenças para construirmos qualquer imóvel em nossa propriedade. A burocracia tresloucada brasileira é o parafuso que segura todo o protecionismo e que causa as barreiras para o desenvolvimento e progresso econômico. É só removê-la que o trem da produtividade e do crescimento econômico sairá a todo vapor.