A Era dos “sem-noção”

Imagem meramente ilustrativa.

MÔNICA BASTOS | “Indivíduo sem senso médio de convivência social”, de acordo com o dicionário, é um dos significados da palavra “sem-noção”, e sem dúvidas, o referido significado reforça a ideia de que estamos em plena Era dos “sem-noção”.

Não é segredo para ninguém que as relações humanas, nas mais diversificadas esferas, estão cada vez mais complicadas e, por isso, muitos preferem a companhia dos animais. Relações harmoniosas carecem, dentre outras coisas, de bom senso. Infelizmente, a nossa sociedade está cada vez mais invasiva. Alguns têm se comportado como se desconhecesse o significado da palavra respeito. A vida e intimidade das pessoas têm sido tratadas como se fosse de domínio público, e com a evolução tecnológica, isso se agravou consideravelmente; as redes sociais são utilizadas imoderadamente.

Atualmente, devido aos conflitos de opiniões, verifica-se uma enxurrada de linchamentos virtuais, muitos deles por motivos banais; a pessoa nem precisa estar envolvida em alguma polêmica, basta expressar-se de maneira contraditória, ou ser mal interpretada, para que correntes sejam formadas com um único objetivo: cancelá-la. O bom senso é algo que se distancia cada vez mais do cotidiano de alguns, com a desculpa de que a liberdade de expressão é um direito fundamental. No entanto, é imperioso destacar que a honra e a imagem das pessoas também o são.

Ao que parece, alguns acreditam que as redes sociais são “terra de ninguém”, mas não é bem assim. O limite das redes sociais é o mesmo da vida normal. A lei acompanha a evolução da sociedade e hoje existe punição para os crimes cometidos virtualmente. Mas desde quando a punição é sinônimo de solução? Se assim o fosse, o mundo não estaria do jeito que está.

Vivemos em uma sociedade desprovida de humanidade, empatia, respeito e amor ao próximo e, neste contexto, infelizmente, quem precisa de compaixão é o agressor, e não à vítima. Como assim? É só observar a vida de cada um. "O que não se tem ou o que não se sabe, também a outro não se poderia dar ou ensinar". (Agatão - O Banquete, Platão).

Que 2022 seja um ano de reflexão, aprendizado, mudanças e, principalmente, noção para cuidar da nossa própria vida, até porque, cuidar da vida dos outros não mudará a nossa.