Ano novo, velha política

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | Neste ano de 2022, algo baterá às nossas portas novamente: eleições. E desde o ano passado já temos um vislumbre de que as coisas continuarão ainda mais rasteiras e mesquinhas, já que o fundo partidário para campanha continuará a ser subutilizado por sacripantas e sanguessugas que buscam se apoderar de uma teta (Ops, função) política.

Nosso país vive essa ciranda eleitoral tristemente a cada dois anos, onde nem sequer uma pandemia (que nunca foi "uma gripezinha" e que tampouco foi "bom a natureza tê-la criado" - quem lê, entenda) é suficiente para deter os anseios por mais poder dos nossos futuros representantes. 

E nesse carrossel maluco, nós, o eleitorado, também temos culpa, pois não temos sido mais críticos dos nossos representantes como deveríamos e nem fiscalizado-lhes adequadamente. Em vez disso, preferimos continuar idolatrando alguns e perpetuamos uma polarização míope, enquanto continuamos a ser os mesmos bobos hipnotizados do pleito anterior, tornando-nos uma massa amorfa de fanáticos infantis.

Teremos novamente as velhas raposas, os velhos corruptos (tanto os condenados como os não condenados, alguns até mesmo beneficiados por malabarismos hermenêuticos da Suprema Corte), os velhos plubicitários do narcisismo e da egolatria, todos se esbaldando com dinheiro de fundo partidário para compra de votos (Ops, campanha eleitoral), ao mesmo tempo em que sufocam ou procuram refutar candidaturas sem dinheiro de fundo (acredite, caro leitor, elas existem, apesar de ínfimas e não tão citadas nos debates e horário político eleitoral).

Teremos novamente as mesmas promessas vazias, megalomaníacas, estapafúrdias e absurdas daqueles profissionais na arte do cinismo e da lábia indecorosa. E, infelizmente, muitos de nós continuarão a acreditar nelas e se agarrar a elas quando chegar o momento de defender o proponente delas na mesa de bar, no grupo da família ou do trabalho, e até mesmo no encontro da igreja.

As acusações e trocas de farpas sobre vacinação e tratamento precoce certamente estarão presentes nos debates públicos e nas redes sociais, assim como as lembranças de licitações superfaturadas na compra de equipamentos e insumos hospitalares. Mas o leitor eleitor não deveria se enganar tão fácil: a maioria desses assuntos é simples cortina de fumaça para esconder o pacto de adversários entre os próprios atores políticos, onde não existe jogo de soma zero nos acordos que eles realizam nos bastidores do poder, independentemente de qualquer que seja o resultado das urnas.

A disseminação de notícias falsas continuará, algumas por ignorância, outras por pura má-fé. Não confie cegamente nas agências de checagem, até mesmo elas também cometem erros, além de não agirem de modo imparcial na política, por mais que se digam apolíticas. Muitos não estão interessados na realidade dos fatos, e sim no número de pessoas ou celulares que uma mentira ou inverdade contada amiúde pode alcançar. Não querem ser agentes da informação, e sim donos de meias verdades, pois, no fim, são estas que geram maior repercussão no arraial político deles e do "adversário".

Ao leitor eleitor, fica novamente a dica: não possua políticos de estimação, independentemente a quais espectros pertençam, sejam "mitos", "messias", "coronéis", paladinos da justiça ou "guerreiros do povo brasileiro". Seja um agente da informação factual e não da tietagem picareta.