As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam o pássaro

Imagem ilustrativa.

MÔNICA BASTOS | Outro dia assisti a uma série que conta a história de uma banda composta por garotas, que fez sucesso no início dos anos 2000, mas que logo voltou ao anonimato. Duas décadas se passaram e elas se reúnem para tentar buscar a fama novamente.

Ao que parece, as garotas não mantiveram contato entre si durante 20 anos e tudo que sabiam uma das outras era através das redes sociais. Uma das personagens exibe, em seu Instagram, uma vida luxuosa. O último post é de uma viagem em seu maravilhoso Jato. As colegas acreditam que ela é muito rica.

Quando elas finalmente se encontram, a vida fictícia dá lugar à vida real, e então é revelado, que a vida luxuosa da amiga, é uma farsa. Na verdade, ela trabalha em um aeroporto.

É incrível o poder que as redes sociais têm para transformar realidades. E o mais incrível disso tudo, é saber que as pessoas são facilmente enganadas por aquilo que lhes é apresentado.

Há uma grande dificuldade no sentido de compreender que atualmente vivemos em duas realidades paralelas: a real, e a criada através das redes, as quais temos acesso a todos os tipos de ferramentas, desde os filtros fabulosos, que tiram todas as imperfeições do rosto e corpo, até aqueles que simulam lágrimas. Através desse, último é possível fazer sem muito esforço, um vídeo se vitimando, sofrendo.

Tudo se tornou tão normal, que inexiste todo tipo de esforço da maioria das pessoas em tentar distinguir o real do irreal. E olha que nem estou falando das “fake news”, porque mesmo depois de tanta conscientização, muitos indivíduos continuam sem se dar o trabalho de verificar a veracidade das notícias antes de disseminá-las.

A corrida por likes, por exemplo, tem levado as pessoas a fazerem loucuras. Para estar em evidência, parece que vale tudo. No ano passado um ator americano foi condenado a cinco meses de prisão por forjar ataque racista e homofóbico contra si mesmo. Um ator brasileiro forjou contra si, um espancamento seguido de assalto.

E as ofertas para ganhar dinheiro fácil?

Dizem que “uma mulher prevenida vale por duas”, então, prefiro “pecar” pelo excesso de cuidado. Sou daquelas que acredita que “quando o milagre é demais o santo desconfia”. Talvez tenha me traumatizado pela descoberta prematura de que Papai Noel não existia ou, talvez, pelo fato de optar por não viver de ilusões.

Infelizmente, para muitos “As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam o pássaro” - Victor Hugo.