Ativismo ambiental: mentalidade anticapitalista camuflada de alarmismo ecológico

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | Na maioria das vezes, quando o assunto é meio ambiente, as pessoas tendem a se tornar mais sensíveis a respeito de qualquer fala ou comentário que seja aparentemente a favor da entrega de reservas ou locais ecológicos à iniciativa privada. A demonização dessa ideia é o que tem pautado a vida de ambientalistas ou ecoativistas no mundo todo. Para eles, a preservação de certos ambientes vegetativos só deve ser feita ou pelo governo daquela região ou por ONG's. Colocar a iniciativa privada para gerir tais lugares, segundo essas pessoas, é acelerar o processo de devastação ambiental.

Esse medo de que a iniciativa privada possa destruir paisagens até podia ser justificado nos primórdios do século passado, principalmente depois do advento da Revolução Industrial. No entanto, continuar pensando assim é transformar uma preocupação em mera causa político-partidária, dando mais vazão a ideologias totalitárias do que à real racionalização dos fatos. 

Ora, é de conhecimento de grande parte das pessoas que o ambiente em que vivemos necessita de cuidados, cuidados esses que não devem partir apenas de um representante do governo, mas sim deve começar por nós mesmos. Exigir que a coleta de lixo seja mais frequente na sua rua é uma coisa nobre, mas se você prefere jogar o papel de bombom no calçamento em vez de se deslocar até a lixeira mais próxima, você está agindo com pura demagogia. Infelizmente, os militantes de causas ambientais e ecológicas agem de forma parecida. No afã de querer tornar o mundo um lugar melhor para se viver, muitos deles sequer arrumam suas camas ou levam o lixo para fora de casa.

Muitos adentram na militância apenas por pura ufania e utopia. Detratam qualquer um que se coloque contrário à suas formas de lutas e exigências. O clima de alarmismo que os militantes impõem ao resto da sociedade causa ojeriza. Utilizam a falácia do aquecimento global como o baluarte que justifica suas demandas e reivindicações para que governos e líderes mundiais não negociem suas reservas ecológicas com empresários. O que puder ser feito para causar alarde na população é feito, nem que para isso seja preciso falsificar dados, deturpar pesquisas e fraudar seus próprios trabalhos e artigos, que foi o que aconteceu na denúncia que ficou conhecida como Climagate.  

O que poucos não refletem é que colocar a iniciativa privada para gerir parques e habitáts ecológicos causaria mais bem do que mal. Um princípio básico no comércio é que o empresário, por estar interessado em alavancar cada vez mais seus lucros, procurará meios para melhorar seus produtos sem se desfazer de seus equipamentos e linha de produção, pelo contrário, procurará aperfeiçoá-los. No caso do meio ambiente, uma empresa que detém uma parte de um parque ecológico, por exemplo, pode elaborar formas de criar receita com aquele bem sem necessariamente devastá-lo ou destruí-lo (ainda mais se essa for uma das condições do contrato de repasse ou de concessão).

Empresas podem implementar passeios turísticos controlados ao local, assim como diversas atividades que possam trazer visitantes a fim de lhes mostrar a importância da preservação ambiental com eficácia. Na reserva amazônica, por exemplo, onde é rica em diversidade de fauna e flora, além de ser um dos ambientes mais lindos do mundo, no caso de empresas serem responsáveis pela área, é muito provável que elas tomariam todas as suas precauções para acabar com o tráfico de espécies de animais e de plantas, além de mitigar queimadas criminosas e, consequentemente, catapultaria significativamente o turismo na região Norte.

Eis um medo bem conhecido dos ambientalistas: o fato de que empresas privadas, em posse de áreas ambientais de preservação, poderiam acelerar a destruição dessas áreas, principalmente se for empresas do setor madeireiro. Trazendo como exemplo Estados Unidos e Canadá, que possuem grandes populações e uma demanda relativamente alta por madeira, ambos possuem uma indústria madereira forte. Entretanto, nesses dois países o que mais se vê são paisagens muito bem preservadas. Por quê? Porque os empresários do ramo de madeira sabem que não podem sair por aí cortando árvores ao léu. Com isso, a extração é feita respeitando o limite de corte por temporada e as áreas delimitadas. Aqueles que não respeitam tais políticas de preservação e controle são severamente punidos.

Claro que mesmo empresas privadas são suscetíveis de fracassarem no cuidado de uma área ambiental. No Brasil, o caso mais recente foi o da mineradora Vale que teve uma das suas barragens de rejeitos indo a colapso e causando uma catástrofe sem precedentes para o ecossistema da região mineira. Investigações ainda em curso provam que a empresa não tomou os devidos cuidados para a possível tragédia e que os laudos emitidos anteriormente não comunicavam quão grave era o risco. A diferença é que, nesse caso, acham-se os responsáveis e os processa. Coisa bem diferente acontece quando uma tragédia ambiental é causada pelo Estado, a exemplo de Chernobyl. Um caso que poucos conhecem foi o da seca proposital do mar de Aral.

A União Soviética propôs um projeto de transposição de água para algumas regiões e, para isso, utilizou o mar de Aral (que não é um mar, e sim um lago bem grande) para a conclusão dessa empreitada. O mau planejamento e má operação da iniciativa resultou no encolhimento do mar a ponto de o mesmo entrar no processo de desertificação. Hoje é possível ver esqueletos de navios espalhados pela região desértica onde antes havia água. 

O mais curioso é que boa parte dos militantes ambientalistas possuem como simpatia um tipo de ecossocialismo, onde creem piamente que reservas ecológicas e parques ambientais seriam muito melhor cuidados se fossem geridos por organizações estatais. Parece que toleram o dano se não puder responsabilizar ninguém, desde que o ecossistema esteja nas mãos de burocratas do governo ou poderes totalitários.

O pensamento de Milton Friedman também se aplica direitinho no que tange aos cuidados do meio ambiente: "Quando alguma coisa é de todo mundo, ela não é de ninguém e ninguém tem interesse direto em manter e melhorar as condições de tal coisa." Faria bem se militantes ambientalistas atentassem para isso. Mas exigir consciência econômica de quem parece ter uma árvore no lugar do cérebro é pedir muito.