Banco Central autônomo é o antônimo do populismo

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | Enfim, depois de anos de discussões e articulações contra tornar o Banco Central autônomo, eis que nossos representantes votaram a favor daquilo que é normal em qualquer país que preza pela segurança financeira.

Dar autonomia ao Banco Central pode não torná-lo imune a manobras políticas que visem interferir na sua gestão, mas pelo menos não o deixa tão suscetível aos mandos e desmandos do establishment.

Até então o mandato do presidente do Banco Central era emparelhado com o do presidente da República, o que causava mal estar no mercado financeiro, devido ao uso inapropriado das atividades-fim do Banco Central como forma de aumentar a popularidade (ou populismo) do Executivo. Taxas de juros estabelecidas ao bel-prazer dos mandatários, sem levar em consideração a necessidade atual e os impactos a longo prazo, eram a tônica do gerenciamento da entidade.

A partir de agora, o presidente do Banco Central, e sua equipe, passam a ter um mandato de 4 anos a começar no terceiro ano de mandato do presidente da República, mitigando assim os riscos de interferência nas decisões econômicas do órgão financeiro por parte do Executivo.

Diferentemente do que pregam políticos de esquerda, dar autonomia ao Banco Central não é entregá-lo aos "banqueiros malvadões", e ainda que fosse o caso, a questão não deveria girar em torno do pseudo-caráter da pessoa, mas sim no conhecimento técnico que ela possui e na sua capacidade de gerenciamento e entrega de resultados. Em qualquer empresa, ao se nomear alguém a cargos altos, de diretoria, por exemplo, o que se exige é basicamente a mesma coisa.

Há uma vasta literatura no liberalismo econômico que defende a extinção de bancos centrais, tendo como principal argumento o fato de que eles são os principais causadores de períodos inflacionários, ao contrário do que dizem, que seu papel é meramente controlar a inflação. 

As teses são boas, possuem sustentação e são cheias de exemplos mundo afora de que o prato da balança inflacionária pende mais para o lado dos bancos centrais sim, tendo em vista a sua responsabilidade pelo controle da circulação de papel-moeda no país. Mas, infelizmente, creio ser uma luta difícil de se ganhar, devido ao caráter essencial que o mundo vê nos bancos centrais como indicadores da saúde financeira do país.

De toda forma, dar autonomia aos bancos centrais possibilita mais transparência nas suas decisões econômicas, mitiga os riscos de intervenções políticos, além de dar mais independência para os gestores em criar objetivos que impulsionem o desenvolvimento econômico do país específico. 

O Brasil acerta em sua decisão, conquanto bem atrasada, em se juntar aos países que possuem bancos centrais autônomos. Esse é o caminho de todo país que quer crescer economicamente e que valoriza uma política monetária livre de atropelos do establishment. 

Aqui fica uma dica para o que você vai ouvir e ver na TV, principalmente vindo daqueles que semeiam achismos, baseados mais em puro ressentimento, e que odiaram a decisão de tornar o Banco Central autônomo: tome cuidado com políticos que veem perversidade em termos como autonomia e liberdade em matérias de cunho econômico e financeiro. Volta e meia, eles surgem e ressurgem com os mesmos discursos para tentar nos convencer de que termos liberdade econômica é um crime. 

Comemoremos a autonomia do Banco Central, e fiquemos de olho em quem não comemora, pois são estes os mais interessados em tolher a liberdade e o crescimento econômico do nosso país, enquanto desejam nos manter dependentes deles mesmos.