Crianças crescem

Imagem ilustrativa.

MÔNICA BASTOS | Essa semana, duas notícias chamaram a atenção de todo o país. A primeira delas foi acerca de um presente que uma professora do ensino médio, negra, recebeu de um de seus alunos no dia internacional da mulher. A professora foi presenteada com uma palha de aço. É evidente, que, ao receber o presente, ela se sentiu constrangida.

A outra notícia está relacionada a três jovens estudantes de determinada faculdade, que publicaram um vídeo na internet, debochando de uma colega mais velha, de 40 anos. No vídeo, uma das alunas interroga, 'como desmatricular uma colega de sala?' Outra aluna diz que ela (a vítima) já tem 40 anos, era para estar aposentada. Uma terceira, com cara de deboche, confirma. Em ambos os casos, o preconceito está escancarado. 

Em pleno século XXI, é difícil compreender o que se passa na cabeça desses jovens, ao se comportarem de forma tão repugnante, sem ao menos se importarem com as consequências. Eles nem podem alegar falta de informação, afinal de contas, estamos em plena era digital, onde as pessoas têm livre acesso a todos os tipos de informações. 

Que tipo de sociedade estamos criando? Uma sociedade onde o desrespeito, o preconceito e a falta de empatia reinam? As pessoas não medem mais as palavras, não pensam antes de agir. Fazem o que dá na cabeça, sem ao menos se preocuparem com os sentimentos alheios. 

Uma “velha” de 40 anos estudando? Como se os sonhos das pessoas pudessem ser limitados pela idade. 

Quando entrei na faculdade, eu tinha 38 anos de idade. Escolhi estudar à tarde, e nesse horário só tinha a galera entre 16 e 20 anos. Eles tinham idade para ser meus filhos, mas me acolheram de uma forma tão bondosa, respeitosa, que, sem dúvidas, fizeram os anos de estudo bem mais leves. 

Independentemente da idade, da cor, do cabelo, do peso ou religião, as pessoas precisam ser tratadas com respeito e igualdade. 

 E antes de perguntar, que tipo de jovens são esses? A pergunta é: que tipo de crianças elas foram? 

Sim, porque a resposta para a pergunta não está nos adultos de amanhã, mas na criançada de hoje. Precisamos voltar os nossos olhos para a educação das nossas crianças, para que possamos formar uma sociedade mais justa, igualitária e livre de preconceitos.

Não dá para ignorar ou rir dos comportamentos desenfreados, agressivos e maldosos das crianças, com a justificativa de que são só crianças. Crianças crescem.

Espero que depois de toda repercussão negativa, esses jovens tenham aprendido a lição.