Democracia e redes sociais

Imagem da internet.

EDILSON ROCHA | Durante a maior parte da minha vida, vi o Brasil tendo como notícias oficiais tudo o que a Rede Globo levava ao ar em seus programas jornalísticos, notadamente no badalado horário nobre.

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A emissora da Família Marinho com a sua forte influência, principalmente em meio às camadas mais pobres do País, teve a capacidade inclusive de contribuir para a eleição de um presidente da República, bastando aos seus produtores apenas fazer um perfeito trabalho de edição de vídeo de um último debate realizado a poucos dias da eleição de 1989. Fernando Collor foi o candidato beneficiado pelo golpe sujo da Globo.

Três anos depois, a mesma emissora se tornou um dos segmentos da sociedade brasileira responsáveis pelo impeachment de Collor por crimes de corrupção, tendo ele, posteriormente, sido absolvido pelo STF.

Há anos, a maior rede de televisão do Brasil já não é a mesma, já não é unanimidade nacional, já não mantém os fortes índices de audiência. Outras emissoras de TV começaram a crescer e, para complicar sua situação, surgiu a internet e dentro dela foram criados as redes sociais e aplicativos de mensagens.

A partir daí, acabou no Brasil o monopólio da informação. Uma única versão da notícia, uma única opinião, tudo isso passou a fazer parte do passado e a Toda Poderosa começou a perder sua credibilidade no tocante ao seu trabalho jornalístico.

Gradativamente, parte do povo brasileiro vem substituindo o hábito de assistir à programação convencional da televisão, aberta ou por assinatura, pela programação de canais do YouTube, uma plataforma de sucesso mundial na qual há uma diversidade dos mais variados pensamentos atentos a desmentir quase em tempo real as notícias falsas.

Infelizmente, a democracia tão bem-vinda às redes sociais enfrenta no Congresso Brasileiro a discussão de um projeto de lei de n° 2630/2020, que também ficou conhecido como o Projeto de Lei das Fake News, sob a justificativa de que a sua apresentação diz respeito ao objetivo de combater a desinformação. Mas qual seria esse tipo de desinformação?

Coincidentemente, o YouTube e o Facebook passaram a monitorar praticamente 24 horas por dia tudo o que seus usuários publicam, advertindo-os e punindo-os com suspensões. Não por acaso, canais do YouTube são desmonetizados e até excluídos da plataforma.

Não há ainda consenso sobre o que é e o que não é fake news, isto porque uma simples opinião, a depender da interpretação de quem faz o trabalho de monitoração, pode ser considerada um ato de desinformação, tirando do seu autor um dos direitos mais sagrados da nossa Constituição Federal: a liberdade de expressão, cujo antônimo, inadmissível, é a lei da censura.