Estudantes do IFBA são selecionados para participar das simulações das Nações Unidas das Universidades de Harvard e Yale

Foto: Acervo pessoal.

Seis estudantes do campus Irecê integram o seleto grupo de 18 estudantes brasileiros e se preparam para atividades que serão em janeiro de 2024

Os(as) estudantes do Ensino Técnico Integrado do campus Irecê do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Annie Gabrielli Reis (Informática), Elk Elen Mendes (Informática), Lucas Medrado dos Santos (Informática), Maria Eduarda Oliveira (Biocombustíveis), Miguel Oliveira (Eletromecânica), Quétle Lima (Biocombustíveis) foram selecionados para participar, em janeiro de 2024, das simulações da Organização das Nações Unidas (ONU) promovidas pelas Universidades de Harvard e Yale.

As simulações são voltadas para estudantes do Ensino Médio selecionados ao redor do mundo. A Harvard Model United Nations é uma simulação de relações internacionais com dinâmicas a partir do modelo das Nações Unidas, na qual os(as) participantes assumem os papéis de líderes mundiais e tomadores de decisão internacionais debatendo questões mundiais urgentes, incluindo temas como paz e segurança internacional e progresso econômico e social, e esboçando soluções inovadoras e criativas. São atividades para jovens líderes aperfeiçoarem habilidades como falar em público, negociação, trabalho em equipe, liderança e elaboração de políticas públicas. Na Yale Model United Nations, as ações também incluem atividades como se o participante fosse um estudante da Universidade de Yale, por meio de comitês realizados nas salas de aula com investigação de disputas e conflitos históricos, crises e respostas humanitárias e trabalhos para chegar a um consenso sobre os eventos internacionais atuais.

A professora de Língua Inglesa do campus Irecê, Vivian Souza de Santana, tem atuado para contribuir com a preparação dos alunos. "No momento, estamos trabalhando para a construção do projeto de simulações da ONU em nosso campus, visando atingir uma perspectiva multicampi. As simulações da ONU são um evento acadêmico que segue as práticas e regras reais da ONU. Além de representar um posicionamento e tomar decisões diplomáticas sobre questões relevantes para a sociedade, os envolvidos desenvolvem as soft skills”, explica a docente. Atualmente, os estudantes selecionados estão envolvidos num grupo de estudos, sob a orientação da professora. “Em parceria com o professor Ivan Dutra, e professores de diversas disciplinas como História, Geografia e Filosofia, o grupo tem debatido para a primeira prévia de simulação, chamada mock, a ocorrer de forma curricular com estudantes dos 3º anos. Ademais, as temáticas das simulações trabalham habilidades como capacidade de argumentação e oratória. O conhecimento multi e transdisciplinar é relevante para a boa atuação nas simulações. Dessa forma, todos os professores, direta ou indiretamente cooperam na formação de repertório destes discentes”, apresenta a professora Vivian.

O estudante Miguel Oliveira detalha como tem sido essa preparação da equipe. “A preparação consiste num processo de estudo voltado às diversas temáticas tais quais a ONU trata, bem como o exercício de debates entre colegas respeitando sempre as regras de decoro e diplomacia para se alcançar soluções para problemas globais. Nossa preparação não é de agora já que o campus Irecê é o primeiro do IFBA a executar uma Simulação como atividade interna totalmente guiada por estudantes sobre a orientação de um docente. Nossos encontros de grupos de estudos periodicamente, nossa prática de inglês em conjunto, a pesquisa atrelada ao debate e o senso de liderança são aspectos que nos levam a conhecer e aplicar para oportunidades como essa”, explica o estudante do 3º ano de Eletromecânica.

Expectativas e sonhos

“Na minha particularidade ir a Harvard é um sonho que me acompanha desde os 12 anos quando vi Obama na TV e logo depois decidi cursar Relações Internacionais. Na coletividade, nosso objetivo é abrir um caminho para os próximos que virão compor o IFBA nas próximas gerações, entendendo que Harvard e Yale são possíveis de serem alcançadas assim como todo e qualquer objetivo estrategicamente estruturado e com o devido apoio. Não somos os primeiros nem os últimos a realizarem isso, mas mesmo assim queremos contribuir com o IFBA de alguma forma levando outros colegas a tentarem a internacionalização já que essas experiências são capazes de formar cidadãos conhecedores da política e da sociedade bem como dos problemas que ela enfrenta, e de alguma forma buscar lá fora conhecimentos mais intensos para se aplicar aqui uma vez que nossa educação precisa de reformas que realmente formem bons políticos e bons cidadãos. A verdade é que queremos buscar conhecimentos fora e trazer para cá para tentarmos melhorar o projeto de educação começando pelo IFBA que é nosso meio comum de formação e descoberta do mundo e dos mercados de trabalho mais diversos”, conta Miguel de Oliveira.

A professora Vivian Santana deseja ver mais estudantes do IFBA em ações como essa. Ela aconselha quem tem interesse em participar de atividades de relações internacionais. “É preciso estar envolvido em atividades extracurriculares que potencializam o desenvolvimento de soft skills, acompanhar as instituições que oferecem tais oportunidades, além de dedicação e bom desempenho acadêmico. A construção de uma mentalidade internacional perpassa a perspectiva de uma educação para a cidadania global, logo, todo conteúdo é relevante, mas não se deve estar restrito ao espaço de sala de aula, é necessário buscas complementares no processo formativo”, afirma a docente.

Estudantes na seletiva, Elk Martins - Irecê; Felipe Brandão - Salvador; Raissa Dutra - Feira de Santana; Annie Gabrielle Oliveira - Irecê; Lucas Santos - Irecê; Quétle dos Santos - Irecê; Carlos Daniel Bomfim - Valença; Miguel Durães – Irecê - Foto: Divulgação.

Quétle Lima dos Santos, 16 anos, aluna do curso de Informática, traz a mensagem aos colegas que sonham com internacionalização. “Não tenham medo de tentar, muitas vezes perdemos oportunidades por medo de se arriscar, se coloquem nos lugares que queiram estar, não fiquem presos apenas ao contexto que vocês veem, não fiquem presos apenas em ser apenas um profissional técnico, cada estudante tem capacidade para ir além, busquem oportunidades, busquem projetos que gostem e aprimorem cada vez mais o conhecimento, a fim de ajudar a comunidade. O Brasil é um país maravilhoso, mas, há muito o que melhorar e essa melhora parte de nós jovens estudantes”, afirma a estudante.

Para Lucas Medrado Santos, 17 anos, do curso de Informática, são vários os desafios a serem enfrentados até a concretização da participação nas conferências nos Estados Unidos. Um deles “é administrativo, já que iremos lutar para estarmos em Washington D.C, em 14 de janeiro do ano que vem. Digo isso porque seis estudantes do interior da Bahia indo para os Estados Unidos não é uma tarefa nada fácil e precisamos de dinheiro – para tal queremos contar com muita colaboração dos políticos, empresários, gestores e pessoas da sociedade civil que possam nos ajudar a realizar um sonho bem como levar o nome de nossa instituição às mais renomadas universidades do planeta”, sonha o estudante.

A equipe tem se empenhado na busca de operacionalizar a viagem. “Há um custo alto por estudante para a concretização da participação destes no evento, cerca de R$ 26.000 reais. Alguns professores e técnicos estão empenhados em orientá-los no processo de busca de suporte financeiro”, pontua a professora Vivian Santana.

De acordo com Maria Cândida Mousinho, da Assessoria de Relações Internacionais (Arinter) do IFBA, a instituição está “orgulhosa e dedicada” em viabilizar os custos da inscrição. “Isso é muito importante para o IFBA, para internacionalização, para futuros projetos de cooperação e para os estudantes, pois é uma experiência única e fantástica. Não estamos medindo esforços, para viabilizar ao menos uma parte das inscrições. Abrimos um processo no SEI [Sistema Eletrônico de Informações] e estamos conseguindo viabilizar parte dos custos”, explica a servidora da Arinter.

A seleção

Os(as) estudantes foram selecionados(as) a partir da simulação promovido pela Internationali Negotia, uma instituição pioneira nas práticas das Simulações da ONU no Brasil, que aconteceu no mês de junho, em Salvador, e contou com a participação de alunos dos campi Feira de Santana, Irecê, Salvador e Valença.

“Tudo se iniciou quando eu descobri a Internationali Negotia, uma instituição responsável por trazer os modelos diplomáticos de debate para o Brasil. Entendendo a relevância da oportunidade, eu convidei os colegas a se aplicarem comigo já que estávamos desenvolvendo essas práticas no campus desde agosto do ano passado na tentativa de nos aperfeiçoarmos nas práticas de debate, pesquisa, oratória tendo como objetivo máximo a exposição do estudante do IFBA nas abordagens políticas nacionais e internacionais. Dessa forma preparamos currículos e cartas de intenções sendo estes contemplados na primeira fase. Em seguida passamos na segunda fase que consistiu numa breve entrevista on-line com o pessoal da Internationali Negotia, onde também fomos aprovados já que gostaram de nossas motivações’, conta Miguel de Oliveira.

Os e as estudantes do campus Irecê farão parte da Harvard Model United Nations e da Yale Model United Nations, promovidas pelas universidades de Harvard e Yale, presencialmente em janeiro de 2024, nos Estados Unidos. A seleção contemplou 18 estudantes brasileiros.