Febre do oropouche: entenda o que é e se há risco de surto da doença no Brasil

Reprodução.

Depois de declarar recentemente que está passando por um surto da febre do oropouche (FO), o Amazonas informou ter registrado 1.674 casos da doença no estado até o final do mês de fevereiro, um crescimento de 68% quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Apesar de restrita à região norte do Brasil, um caso de FO já foi identificado no Rio de Janeiro (em um paciente vindo de Manaus). 

A confirmação da doença pelo Instituto Oswaldo Cruz acendeu um sinal de alerta para atenção redobrada com o diagnóstico do arbovírus (transmitido por artrópodes) Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) e também aos cuidados de prevenção contra os mosquitos vetores da doença, principalmente o Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.  

O que é a febre do oropouche?

(Fonte: Getty images)

(Fonte: Getty images)

A febre do oropouche, nome da cidade paraense onde o vírus foi identificado pela primeira vez em 1955, é uma doença causada pelo OROV e transmitida pela picada do mosquito maruim, que pode infectar seres humanos e animais. O vírus foi identificado em uma amostra de sangue de uma preguiça capturada durante a construção da estrada Belém-Brasília.

Parecidos com os da dengue, os sintomas da FO incluem febre (temperaturas entre 38 e 39,5 °C), dores no corpo e nas articulações, calafrios, dores de cabeça, náuseas, vômitos e diarreia. O diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial, e se confirmada doença, deve ser imediatamente notificado às autoridades de saúde. 

O tratamento da FO envolve apenas a mitigação dos sintomas, já que não existe um medicamento para tratar da doença. São recomendados: repouso, hidratação e o uso eventual de analgésicos, antitérmicos e remédios para enjoo. 

Qual o risco de um surto de febre oropouche no Brasil?

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Embora o OROV circule principalmente em áreas de florestas, devido ao clima quente e úmido característico da região amazônica, existe um risco baixo de o Brasil enfrentar um surto da doença viral. No entanto, para que isso aconteça, é necessária a combinação de dois fatores: importação da transmissão (via paciente infectado da região Norte) e falha no diagnóstico da doença. 

Segundo a infectologista Carla Kobayashi, do Hospital Sírio-Libanês, "para se ter um surto no país, como acontece com a dengue, esse vírus teria que se adaptar às outras regiões", explica a médica à BBC. Se isso ocorrer, uma eventual falha no diagnóstico poderia fazer com que mosquitos saudáveis de outras regiões, como o próprio maruim, fossem contaminados pelo vírus

Como essa é uma possibilidade que não pode ser totalmente descartada, o coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia da USP de Ribeirão Preto, Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, alerta que "o vírus vem se tornando cada vez mais comum na região Norte e vem migrando rumo ao Sudeste do Brasil com pacientes importados, como o caso do Rio de Janeiro". Daí a necessidade de se fazer um diagnóstico correto da doença, conclui.