Fuja de posturas políticas extremistas

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | No cenário político, há dois tipos de perfis de eleitorado diametralmente opostos e que se revelam como não desejáveis em ser seguidos. Cada um se encontra numa ponta da escala de postura política. De um lado temos o revoltado e do outro o devoto.

O revoltado é aquele que culpa TODOS os políticos pela situação do país; coloca todos num mesmo balaio; para ele, nenhum presta. O devoto, pelo contrário, quando se afeiçoa a algum político, se entrega de corpo e alma; defende até mesmo o indefensável; vê qualquer coisa contra o seu totem político como um complô para derrubá-lo; para ele, é Deus no céu e seu político de estimação na terra.

Curiosamente, Eric Hoffer vai dizer que uma das razões do surgimento de fanáticos e movimentos de massa é porque há muitas pessoas frustradas. E na política, especificamente, isso se torna reluzente a cada ano. 

O revoltado com a política, no fundo, é alguém que se sente enganado por ter seus sonhos e ideais frustrados pela figura em que ele depositou sua confiança e, assim, joga tudo pro alto e condena ao inferno todo político. Já o devoto continua dando chances a figuras semelhantes (senão à mesma figura) que ainda não concretizaram as promessas feitas anteriormente, mas faz isso demonstrando sua idolatria e paixão cega, e não demorará muito até que descambe novamente em frustração, mas ele não liga, pois vale tudo para seguir o “mito” que ele idolatra.

Se, por um lado, o revoltado quer convencer às demais pessoas que todos os políticos são iguais de uma perspectiva negativa, por outro, o devoto quer convencê-las que o seu ídolo político é o único que realmente presta, e, por isso deve ser digno de toda adoração e subserviência. 

A resposta para ambas as políticas e perfis de eleitorado é o meio-termo, aquilo que alguns autores chamam de "crer desconfiando", ou seja, é votar de forma engajada, mas não se deixar influenciar tão fácil por qualquer promessa.

E na maioria das vezes, senão em todas, em que surgem indivíduos revoltados e devotos na política geralmente é decorrência de uma confiança anterior depositada integralmente no que não se deve; é fruto daquilo que Thomas Sowell dizia: "O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível somente os mentirosos podem satisfazê-las."

Tanto o revoltado como o devoto carece de algo que poderia mudar significativamente suas posturas políticas: estudo aprofundado na ciência política. E isso deveria ser mimetizado para outras áreas, como a própria economia. Agir assim livrá-lo-ão da tendência de culpar a TODOS ou de paparicar qualquer um, conquanto se sintam desanimados em um momento ou ufanistas em outro.