Ilusão não é solução

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É perceptível que no mundo atual, muitas pessoas não estão preparadas para encarar a vida real, ou seja, “a vida como ela é”.  

MÔNICA BASTOS | Estamos vivendo em uma época em que a estabilidade emocional se tornou prioridade. E isso é ótimo, até porque, é muito importante trabalhar à maneira pela qual o indivíduo reage aos desafios e às mudanças da vida. No entanto, no anseio de alcançar tal estabilidade, muitos têm optado por mascarar a realidade. Com isso, uma frase de Voltaire tem feito bastante sentido para mim: “A ilusão é o primeiro de todos os prazeres”. 

De antemão, é importante aprender o significado da palavra ilusão. Conforme o dicionário, ilusão é a falta de percepção ou de entendimento que prejudica os sentidos; é a compreensão errada da mente; é a confusão entre aquilo que não existe (falso), e o que existe realmente (verdadeiro); é um devaneio. 

De acordo com Voltaire, as pessoas sentem prazer em viver iludidas, ou seja, preferem ter uma falsa percepção, a encarar a própria realidade. E por que isso acontece?

Atualmente as pessoas estão sendo levadas a acreditar que viver obrigatoriamente tem que ser algo leve, fácil e gracioso e que pensar positivamente é a solução para todos os males.

Nada contra pensamento positivo, pelo contrário; pensamento positivo é bastante válido, desde que tenhamos a convicção de que pensar positivo por si só, não tem o condão de resolver nossos problemas e fazer as coisas acontecerem. 

Pensamento positivo não traz à existência as coisas que não existem, o nome disso é fé. 

O medo da realidade pode fazer com que as pessoas virem escravos da ilusão. Deste modo, ignorar a realidade, fechar os olhos para o que acontece de fato ao nosso redor, não é uma solução, mas apenas uma maneira de procrastinar, adiar as coisas. Contudo, cedo ou tarde, a conta chega. 

Viver é um grande privilégio, mas a vida não é um eterno parque de diversões. Na infância, fantasiar faz parte de um desenvolvimento saudável. Ao entrarmos para a vida adulta, aprendemos que é necessário equilíbrio entre prazer e responsabilidade. Por isso, é de suma importância ter maturidade para distinguir a ficção da realidade, até porque, por mais atraente e anestésico que seja, ilusão não é solução.