Intervenções, achismos e teimosia podem garantir populismo, mas não podem prover crescimento econômico

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INALDO BRITO | A narrativa populista do chefe do Executivo acompanha quase sempre alguns critérios básicos. Por exemplo, se ele diz que não intervirá em setores específicos do mercado, a partir do momento em que vê altas e elevações de preços, automaticamente ele começa a emitir opiniões sobre o fato de que tais aumentos são um erro. 

Na mente do chefe do Executivo, essa opinião não é propriamente intervenção (e de fato, concretamente, não é mesmo). Entretanto, as oscilações cambiais e flutuações financeiras no mercado ocorrem muito mais por causa de palavras ditas por políticos em momentos inapropriados do que por seus próprios atos na base da canetada.

E aqui é onde o populismo se revela, pois, para ficar bem diante do seus eleitores, ou da sociedade como um todo, o chefe do Executivo lhes dirá aquilo que querem ouvir. Os que o ouvem e acatam suas promessas ou ameaças de "contenção" de altas de preços em determinado setor acabam crendo piamente que o mercado pode ser conduzido a toque de caixa. 

Aumento de preços nunca é bom. Ninguém gosta! Até mesmo entre os próprios empresários há aqueles que sabem que fazer isso, conquanto seja para equalizar seus preços com o mercado externo, acaba diminuindo a procura e reduzindo o consumo, impactando diretamente em suas receitas, mas, como diz o ditado, é melhor um pássaro (ainda que raquítico) na mão do que dois voando.

Se políticos soubessem o mínimo de economia, e levassem em consideração como funciona os processos de alta e baixa produção/consumo, assim como se dá as oscilações de comodities no comércio exterior, eles provavelmente não optariam por emitir opiniões tão bobas e infantis sobre o aumento de preços, por exemplo, dos combustíveis.

É por isso que muitas vezes é difícil manter no governo uma equipe econômica que prioriza e respeita o laissez-faire do mercado, enquanto o próprio governo se mostra cada vez mais populista em suas opiniões, ameaças e decisões.

Adotar os princípios liberais de economia é muito mais do que querer ter liberdade para empreender, menos impostos, preços baixos e mais opções de oferta para consumo. É necessário aderir ao pacote completo, por mais que não se goste de uma ou outra medida, critério ou postulado do sistema econômico. 

Como diria Henry Hazlitt: "Não é a economia que atrapalha as nossas vidas, e sim a política." É por isso que nós precisamos parar de idolatrar "mitos" políticos. Não é a economia, com suas leis e princípios, que deve ser alvo da nossa ojeriza e repúdio, mas sim aqueles que possuem "boas" intenções recheadas de achismos para implementar na economia do país.