Irecê: Econtro tratou sobre impactos dos agrotóxicos na saúde

Plenária participou ativamente do encontro - Foto: Taylane Feitosa.

O agrônomo Edvaldo Reinaldo, estudioso da produção agroecológica, referência na Bahia, fez diversas e graves denúncias sobre o uso de agrotóxicos no controle de pragas e doenças nas culturas de alimentos

Avaliar e debater os impactos causados pelo uso de venenos nas atividades agrícolas foram os principais objetivos do “1º Encontro de Vigilância a Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos”, realizado pela Diretoria de Saúde Centro Norte –Territórios do Piemonte da Chapada e Irecê, nesta quarta-feira, 8, no auditório do Campus XVI – Uneb/Irecê-BA.

O evento contou com participação de aproximadamente 200 pessoas, envolvendo técnicos das áreas de saúde, agricultura, meio ambiente e estudantes, com representações de municípios dos territórios envolvidos.

Após as falas de abertura de autoridades e mobilizadores, a técnica Josane Lino apresentou breve diagnóstico sobre a situação da saúde na Macrorregião Irecê/Jacobina, seguida das palestras de Dra. Letícia Nobre e Edvaldo Reinaldo.

Letícia tratou sobre o tema “Impacto dos Agrotóxicos no Meio Ambiente”, ressaltando que diversas doenças, entre elas a depressão, seguida de suicídio e câncer podem estar diretamente vinculadas à exposição de trabalhadores e consumidores de alimentos produzidos com aditivo de agrotóxicos. “Os indicadores são muito fortes e vários estudos estão sendo realizados, com fortes evidências neste sentido”, sinalizou.

O agrônomo Edvaldo Reinaldo, estudioso da produção agroecológica, referência na Bahia, fez diversas e graves denúncias sobre o uso de agrotóxicos no controle de pragas e doenças nas culturas de alimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que o crescimento dos índices das graves doenças tem a incidência dos diversos tóxicos usados na agricultura. Há uma relação absurda entre as indústrias, muitas vezes da mesma marca, produzindo o agrotóxicos e medicamento para cuidado humano.Ou seja a mesmo indústria produz a doença e a cura. São eles que elegem ou derrotam deputados, governadores e presidentes”, denunciou o especialista.

À tarde ele voltou à tribuna, para palestrar sobre alternativas de produção agroecológica, que estão revolucionando o campo, mostrando que é possível produzir alimentos de qualidade e em quantidade, sem precisar o uso de venenos. Ele apresentou diversos exemplos de empreendimentos bem sucedidos na região de Irecê, a partir de técnicas da agroecologia, os quais estão fomentando as feiras de produtos orgânicos, sendo o território ireceense uma referência para a Bahia.

Durante o encontro, outros temas relacionados foram expostos aos participantes. Dentre eles, destacam-se: “Atuação do Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, por Dr. Armando Barbosa ; “A Importância da Vigilância à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora no contexto da exposição a agrotóxicos”, por Dra. Letícia Nobre; “Iniciativas voltadas para a proteção de promoção de saúde de populações expostas a agrotóxicos”, pelo Grupo de Trabalho da Secretaria de Saúde da Bahia e “As possibilidades econômicas da agroecologia no Território – uma realidade possível”, por Edvaldo Reinaldo.

Ao final, foi feito um debate bastante participativo. Apesar da programação intensa, para apenas um dia, o público deixou o auditório da Uneb com a certeza de que há um enfrentamento enorme a ser feito, uma vez que os solos, as águas e o ar estão corrompidos pelo veneno cada vez mais presente nas atividades agrícolas, afetando profundamente a qualidade de vida das pessoas.