Marcelinho Carioca: o que se sabe sobre o sequestro do ex-jogador

Divulgação.

Ex-jogador foi sequestrado após sair do show do cantor Thiaguinho no Itaquerão; ele disse ter sido forçado a gravar vídeo sobre traição

São Paulo — Agressão, trinta e seis horas de cativeiro e vídeo forçado. O ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca foi libertado, na tarde dessa segunda-feira (18/12), de um sequestro que começou na madrugada de sábado (16/12) para domingo (17/12), depois que ele saiu do show de Thiaguinho na Neo Química Arena, o Itaquerão, na zona leste da cidade.

Marcelinho Carioca, ex-jogador de futebol

Ele tinha ido levar ingressos do show para uma amiga em Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo. Segundo a polícia, o carro do ex-jogador — uma Mercedes — teria chamado a atenção de criminosos, que o renderam. Durante a abordagem, o ex-atleta foi agredido com uma coronhada no olho esquerdo.

Tanto Marcelinho quanto a amiga, com quem trabalhou na prefeitura da cidade, foram levados pelos criminosos.

Para a polícia, os sequestradores não perceberam, no primeiro momento, quem era a vítima. Ao descobrir que era o ex-jogador, decidiram pedir resgate para a família.

Transferências via Pix

Os bandidos usaram o celular do ex-jogador para se passar por ele e pedir R$ 30 mil no domingo (17/12). O pagamento, de acordo com a PM, foi feito.

Já na manhã desta segunda-feira, os criminosos teriam feito um novo pedido, se passando por Marcelinho, de mais R$ 12 mil. Mais uma vez, a transferência foi feita.

Inicialmente, a Polícia Militar havia informado que os bandidos receberam duas transferências de R$ 30 mil.

Quando a notícia do sequestro veio à tona, a quadrilha ligou para a família e exigiu mais dinheiro. O ex-jogador, no entanto, foi resgatado antes.

Vídeo forçado

Enquanto estava no cativeiro, Marcelinho disse que foi obrigado a gravar o vídeo em que diz manter um relacionamento com a amiga, que seria casada. O teor da declaração é falso, segundo Marcelinho, e só foi feito porque ele estava com uma arma apontada para sua cabeça (veja abaixo).

“Eles disseram: ‘Cara, você tem que colaborar para a gente pegar todo o seu dinheiro’ (….) Não é fácil ter um revólver apontado para sua cabeça”, disse o ex-jogador, emocionado, após ser levado para a Delegacia Antissequestro, no centro da capital.

Marcelinho negou ter um caso com a mulher sequestrada e afirmou que eles são apenas amigos. Disse, ainda, ser amigo do marido dela. Para a polícia, a ideia dos bandidos era criar uma pista falsa.

O cativeiro

Segundo a polícia, o sequestro aconteceu na Rua Salesópolis, em Itaquaquecetuba. Os bandidos levaram os dois até a Rua Ferraz de Vasconcelos, no mesmo município, local do cativeiro. Já o veículo da vítima foi abandonado na Rua Jacareí. No veículo, havia uma arma de airsoft.

Marcelinho disse não ter visto o rosto dos sequestradores, pois ficou o tempo todo com um capuz. Ele afirmou ainda que, em dado momento nessa segunda-feira, ouviu o barulho de um helicóptero e comentários dos sequestradores. “Eu escutei os sequestradores dizendo: ‘A casa caiu, a casa caiu. Nós temos que libertar ele (sic)'”, afirmou o ex-jogador.

Uma denúncia anônima fez a Polícia Militar fazer patrulhas na região do cativeiro. No início da tarde de segunda-feira, os agentes conseguiram localizar o esconderijo e resgatar Marcelinho e a amiga. Uma moto desmontada no local também chamou a atenção dos policiais.

Uma testemunha conseguiu gravar o momento em que Marcelinho Carioca foi encontrado pela Polícia Militar (veja abaixo).

Quem foi preso

A polícia prendeu Eliane Lopes de Amorim, Jones Santos Ferreiro e Wadson Fernandes Santos, que seriam “conteiros”, ou seja, receberam os depósitos que totalizaram R$ 42 mil.

Além deles, foram detidas no cativeiro Thauannata Lopes dos Santos e Fernanda Santos Nunes. De acordo com as investigações, pelo menos oito pessoas participaram do sequestro.

A carreira de Marcelinho

Nascido no Rio de Janeiro, Marcelinho Pereira Surcin tem 51 anos e iniciou sua carreira no Flamengo. Em 1994, o ex-meia chegou ao Corinthians, onde se tornou ídolo e quinto maior artilheiro do clube Alvinegro.

Pelo time paulista, Marcelinho ganhou o Mundial de Clubes da Fifa, maior título da sua carreira, além de dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa do Brasil e quatro Campeonatos Paulistas.

A carreira do jogador ainda contou com passagens por Vasco, Santos, Brasiliense e Santo André.

Após a aposentadoria dos gramados, Marcelinho chegou a se lançar na carreira política e ocupou cargo na Câmara dos Deputados por um breve período no ano de 2015. Atualmente, o ex-jogador atua como comentarista.