Ministro diz não haver cortes no ensino superior e defende polícia em universidades

Geraldo Magela/Agência Senado.

Segundo Abraham Weintraub, a liberação de recursos para a Educação voltaria a acontecer caso o Planalto conseguisse aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

Em audiência pública no Senado, o ministro da Educação defendeu que a pasta não está fazendo cortes no ensino superior e que a polícia poderia entrar em universidades para combater o uso de drogas por alunos. A declaração foi feita nesta terça (7), na comissão que trata do tema na Casa.

Abraham Weintraub argumentou que a redução de 30% para universidades e institutos federais anunciada pela própria pasta não seria um corte, e sim um “contingenciamento”. Segundo ele, a liberação de recursos para a Educação voltaria a acontecer caso o Planalto consiga aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

“Nada foi cortado. Zero. Há um contingenciamento de 30%, uma parte discricionária do todo. A folha de salários e os refeitórios, por exemplo, estão mantidos”, sustentou o chefe da pasta. “A universidade é sacrossanta? Não dá para cortar nada? Todo mundo no país está apertando o cinto, não é só o MEC que está com essa perspectiva”.

Em resposta, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu o argumento, ironizando o uso do termo pelo ministro. “Obrigado pelo sinônimo”, disse. E completou: “me parece chantagem usar a reforma da Previdência como meio para investimentos na Educação”.

Weintraub ainda criticou o uso de drogas por estudantes de universidades públicas e defendeu a entrada da polícia nos campi para combater o consumo. “A autonomia universitária não é soberania”, disse. “Se tem coisa acontecendo dentro, por que a polícia não pode entrar? Não tem que ter consumo de drogas, tá errado, sou contra isso”.

Ainda sobre o assunto, o senador baiano Angelo Coronel (PSD) questionou o uso do termo “balbúrdia” por Weintraub para justificar cortes em universidades que não obtinham desempenho acadêmico. A declaração havia sido feita pelo ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada.

“Quanto custa ficar pelado ou acender um baseado?”, questionou o parlamentar. “E quanto custa um reator, a realização de uma pesquisa? Essa ‘balbúrdia’ que o senhor cita não pode prejudicar quem não está envolvido nisso?”

Weintraub respondeu dizendo que defende a diminuição do que chamou de “doutrinação” por parte de professores universitários. “Provavelmente devo ser odiado por 10% ou 15% do movimento universitário inteiro, mas não tem volta. É um caminho que escolhi e vou trilhar”, disse.

Mais cedo, na apresentação sobre os planos do MEC para a atual gestão, Weintraub passou a maior parte do tempo defendendo a educação básica como prioridade da pasta. “O MEC se tornou basicamente ensino superior”, afirmou. “A gente aqui no Brasil quis pular etapas, colocou dinheiro demais
no teto e esqueceu a base.”

As diretrizes que foram apontadas pelo chefe da pasta para o Plano Nacional de Educação (PNE) incluem alfabetização, investimentos no ensino médio e valorização do ensino técnico. Weintraub defendeu ainda que o governo descentralize as tomadas de decisão da área. “Os heróis da alfabetização estão lá na ponta, nas cidades”, disse.