Não lute como uma feminista

INALDO BRITO | A primeira vez que eu vi o termo mansplaining foi nesse ano de 2018 num comentário de uma página do Facebook. É bastante utilizado por ativistas do feminismo e, geralmente, com um tom pejorativo, às vezes por deboche. O termo faz referência a quando alguém (normalmente um homem) busca explicar alguma coisa para uma mulher de uma maneira imprecisa ou “excessivamente confiante”. Coloco entre aspas, pois é até irônico tais ativistas não tolerarem que lhes sejam explicados assuntos com a devida confiança para se fazer acreditar, enquanto os mesmos ativistas fazem todo tipo de malabarismos textuais (com “excessiva confiança”) para defender as atitudes contraditórias e machistas de seus ídolos de movimento ou de ideologia.  

mansplaining que o movimento utiliza é apenas uma forma de querer intimidar ou calar aqueles que pensam por conta própria, aqueles que não se adequam ao que o movimento pensa. Assim, tudo aquilo que for falado precisa ser compatível com a bandeira do movimento, senão é mansplaining. Dizer que a essência do feminismo é defender os direitos das mulheres é uma falácia. Uma balela sem precedentes. No fundo, o feminismo é como qualquer outro movimento ou ideologia totalitária, cujos líderes do movimento buscam tolher a liberdade do indivíduo a fim de que esse mesmo indivíduo se transforme em mais um peão do xadrez sectário. O feminismo não defende mulheres; somente aqueles que se tornam adeptos do grupo.  

No campo social, a hipocrisia do movimento se faz bem notório. Eles (os ativistas do grupo) alegam defender, louvar e proteger as mulheres, mas na prática isso é feito tendo em vista qual tipo de mulher está sendo atacada ou denegrida. Dependendo das idiossincrasias da mulher vitimada, o movimento adota posturas diferentes. Por exemplo, se a mulher agredida é negra, homossexual e/ou ativista da ideologia, fazem-se manifestações, criticam-se os homens (professando que todo homem é um possível estuprador), exige-se solução instantânea para o crime e lucra-se em cima do sensacionalismo midiático. Por outro lado, se a mulher agredida é branca/parda, casada e/ou mãe, de baixa renda ou classe média, um “silêncio ensurdecedor” se faz presente, no máximo publica-se uma nota de rodapé no jornal de domingo. Essa seletividade no que se defende, promove ou diz proteger é a marca de movimentos semelhantes ao feminismo – grupos afro e LGBT+. Clodovil, que defendia a família tradicional, não era bem quisto pelos grupos LGBT+. Políticos como Fernando Holiday não são bem quistos por grupos afro, justamente por ele se posicionar contra cotas e qualquer tipo de política pública que busca privilegiar um grupo por causa da cor da pele (ele também é homossexual e persona non grata para o grupo LGBT+). 

Continuando a falar sobre o feminismo, no campo político o movimento também apresenta posturas contraditórias, bem como se faz notória sua pungente seletividade no tratamento dos casos. Um político que simpatize com o movimento é tratado com amor e misericórdia quando denúncias de sua esposa o acusando de machismo vêm à tona¹. O silêncio do movimento continua ensurdecedor. Nas eleições recentes, o movimento trouxe novamente para si a alcunha de protetor de todas as mulheres e, por isso, convocavam [e intimidavam] as mulheres brasileiras para que não votassem em um determinado candidato por conta da atitude dele frente a uma deputada numa discussão em cadeia nacional². O movimento, por outro lado, apoiava dois candidatos (conquanto um deles já estivesse preso, o movimento aguardaria o indicado dele) que também não eram muito bons com as palavras ao se referirem ao sexo oposto, entretanto isso não foi levado em consideração pelo movimento. Talvez pelos posicionamentos ideológicos dos candidatos serem similares aos do grupo feminista. 

Um desses candidatos, cujo movimento fazia vistas grossas, disse certa vez que a única função de sua mulher era dormir com ele. Embora ele tenha reconhecido tal erro na frase³, é constrangedor que o movimento feminista ainda assim o trate com tolerância, tendo em vista que movimentos como o #MeToo – que é um braço do feminismo – é caracterizado como intransigente a qualquer afirmação, independentemente da data em que foi pronunciada, mesmo que o indivíduo tenha reconhecido o erro.  

Outro candidato, quando no início de investigações contra ele, cujo telefone havia sido grampeado, questionava em tom pejorativo onde estavam as mulheres de “grelo duro”4, as feministas do partido, para que pudessem mexer os pauzinhos para defendê-lo. Ué, mas o movimento feminista não é defensor e protetor dos direitos das mulheres? Então, que relação há entre um político corrupto que tem medo de ser investigado e um movimento que diz defender todas as mulheres? Diante disso, já é possível imaginar a tendência que as feministas têm em só defender e proteger quem lhes pode ser útil ideologicamente. Não é à toa que esse político que está preso conseguiu convencer uma então candidata à presidência a sair como vice na chapa do indicado dele no partido5 – [fingiu] lutar como uma garota, mas foi submissa a um homem que nem marido era.  

Talvez você possa pensar “Ah, mas o feminismo no começo garantiu às mulheres direitos importantíssimos, como o voto e voz no casamento.” De fato, o que aconteceu na chamada primeira onda foi importante, mas a forma como foi feita foi o que culminou no que temos hoje. A busca pragmática, sem se importar com os meios ou os resultados além, é o que tem causado grandes desastres sociais. O movimento conseguiu o voto, mas reivindicou tal direito para qualquer instituição na qual as mulheres participassem ou não, sem se importar com o que preconizava as normas e tradições. É só olharmos para o ambiente eclesiástico. Mesmo tendo um princípio bíblico de ordenança ao ministério eclesiástico sendo destinado exclusivamente à figura masculina por motivos de autoridade divina delegada e ordem criacional (tais termos são ensinados em qualquer aula básica de estudo bíblico), as ativistas do movimento feminista também viram tal cargo como um direito igual para as mulheres – foi daí que o movimento começou a entrar nas searas da igreja (anglicana, luterana e algumas evangélicas). O que antes era regido por tradição normativa passou a ser visto como machismo privilegiado. Utilizou-se vários malabarismos textuais para comprovar biblicamente que tais direitos abarcavam as mulheres – texto fora do contexto virou pretexto. E assim, o que era apenas um direito social e político (o voto), passou a ser uma exigência pragmática.  

A minoria feminista exige igualdade salarial e mais diversidade nas empresas no mercado de trabalho. Thomas Sowell em seu livro Fatos e Falácias da Economia apresenta um capítulo que trata só sobre fatos e falácias acerca dos sexos e um dos pontos que ele toca é esse da reivindicação de salários iguais. O movimento feminista, ao exigir tal prerrogativa, não leva em consideração habilidades e capacidades que são diferentes de uma pessoa para outra, não necessariamente por causa dos sexos, mas pela disposição e desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo. Os títulos e formações que cada pessoa obtém ao longo da vida também são desprezados pelo grupo. Não se leva em consideração que há uma quantidade muito maior de homens do que de mulheres que estão mais dispostos a realizar trabalhos de risco e perigosos e, por isso, ganham mais. No fundo, não é na igualdade em que o feminismo se interessa, mas sim no igualitarismo. Talvez seja por isso que o feminismo não se manifeste tão contrário ao transgenerismo – homens biológicos que fazem mudanças hormonal e cirúrgica para o sexo feminino.  

Homens biológicos fazem a cirurgia de mudança de sexo e passam a competir com mulheres biológicas de “igual para igual”, mas com um detalhe a mais: continuam com a vantagem biológica da mesma força masculina. Esportes como atletismo, ciclismo, vôlei e lutas já estão com os seus homens competindo contra mulheres6, e tudo com o aval ou o silêncio do movimento feminista que jura defender e proteger o direito das mulheres.   

O feminismo é o nêmesis do machismo. No final, os dois são danosos ao indivíduo e à sociedade. O movimento feminista diz defender e proteger os direitos das mulheres, mas não tolera quando qualquer mulher começa a pensar fora das demarcações que o movimento impõe. Para o feminismo, é constrangedor uma mulher escolher ser dona de casa, possuindo ou não títulos e qualificações que a fariam se destacar profissionalmente. Se alguma mulher escolhe ser submissa de forma bíblica (Efésios 5.22-33) ao seu marido, o movimento a tachará como uma louca, traidora, alienada e todos os adjetivos possíveis que sejam necessários para destilar a indignação do grupo face à escolha válida que uma mulher não pertencente ao movimento toma para si. Para o feminismo, as mulheres só podem ser livres para escolherem aquilo que o movimento quer que elas escolham – nada mais que um duplipensar orwelliano.  

Dentre outras referências (em links no texto), veja também:

https://www.dailywire.com/news/37296/transgender-cyclist-lashes-out-calls-critics-emily-zanotti 

https://www.dailywire.com/news/39158/transgender-player-dominating-womens-handball-amanda-prestigiacomo