O tradicionalismo no ensino atual

Imagem meramente ilustrativa.

É grande a oferta de trabalho que exige qualificação, e em contrapartida, é cada vez maior o número de pessoas com diplomas na fila do desemprego

Que a pandemia acelerou a mudança na Educação, todo mundo sabe. O que poucos sabem, ou simplesmente não tinham se dado conta, é que o ensino já estava extremamente atrasado.

O modelo tradicional vem datado do pós-guerra, onde havia uma necessidade urgente de capacitar a população para uma reconstrução mundial. A solução mais viável foi fazer do ensino uma linha de produção. Um único professor, o “operário da fábrica - escola” seria responsável por qualificar, com o mesmo conteúdo, e no mesmo ritmo, uma grande quantidade de pessoas. Ao final dessa linha de produção, todos formavam com o “mesmo” conhecimento. Acontece que esse modelo, inicialmente satisfatório, se estende até os dias atuais.

Mesmo antes da pandemia, esse modelo já não atendia os anseios de alunos e mercado de trabalho. A baixa habilidade prática, por vezes baixo conhecimento, e uma falta de diálogo entre universidades e empresas são fatores que geram insatisfação. É grande a oferta de trabalho que exige qualificação, e em contrapartida, é cada vez maior o número de pessoas com diplomas na fila do desemprego.

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O problema é que o ensino - e aqui falo principalmente do superior - não está evoluindo na velocidade que o resto do mundo está. Na pandemia, muito cases de aceleração do ensino, preocuparam. Várias IES – Instituição de Ensino Superior, apenas colocaram professores em frente a uma câmera para dar a mesma aula que seria ministrada no presencial. Faço aqui uma analogia ao cinema se fosse feito simplesmente gravando uma peça de teatro. Pior que isso, ficou a situação dos alunos que, mais uma vez, foram meros receptores de conhecimento. Ora, como o aluno pode passar 4 ou 5 anos de sua vida sendo mero coadjuvante, se na hora de trabalhar ele precisa ser o protagonista?

Indo além, é inadmissível nivelar uma turma de 40, 50 alunos pela média de velocidade que se absorve conhecimento, ou seja: quem tem mais facilidade com o conteúdo, passa a ter uma aula “entediante”, da mesma forma que quem não consegue assimilar a contento, acaba não entendendo nada.

Em um mundo onde escolher um filme, música, café, comida e até as propagandas que nos são apresentadas, são personalizadas, como pode o ritmo do ensino ser ditado pela média da turma? Outro fator rejeitável é fazer com que alunos “comprem”, por “atacado”, ficando reféns da mesma instituição por 4 ou 5 anos, sendo obrigados a se adaptarem às disciplinas, horários e professores que a IES oferece. No final, todos os formados em determinada área de uma dada instituição serão “moldados” com os mesmos conteúdos.

Sem mais delongas, deixo aqui minha insatisfação com o velho e atual modelo de ensino, e um convite a modernização e inovação no setor; caso contrário, será cada vez maior o abismo entre a tríade, aluno, IES e empresas.