Santa Imunidade

Ilustração.

O deputado federal Marcelo Crivella, “bispo” da Igreja Universal do Reino de Deus, apresentou uma proposta de emenda à Constituição que busca ampliar a imunidade tributária das igrejas.

Caso seja aprovada, a emenda vai permitir que além de não pagar tributos diretos de nenhuma espécie, as igrejas ainda terão a seu favor o benefício de também não pagar tributos incidentes sobre bens e serviços.

Então se uma igreja pretender construir um “puxadinho” no seu púlpito, não será obrigada a pagar o imposto embutido no cimento destinado à sua construção. Da mesma forma, não pagará os impostos incidentes sobre a energia elétrica consumida usada pela igreja.

Tal proposta é um escárnio, um acinte à população que paga seus tributos. Como se já não bastasse a imunidade tributária, que faz com que igrejas sejam transformadas em verdadeiras empresas multimilionárias, ainda vem uma iniciativa que prevê a ampliação de um benefício já inadequado socialmente, diante de tudo o que vem sendo feito por determinadas igrejas.

Enquanto isso, até mesmo integrantes da equipe econômica do governo Lula já se mobilizam para apoiar essa ideia, em consequência dos interesses eleitorais, que muitas vezes falam mais alto, mesmo diante de algo completamente fora de sentido.

Ao invés de ampliar a imunidade para igrejas, o deputado Marcelo Crivella deveria se preocupar em apresentar propostas que visem reduzir a carta tributária para os produtos essenciais integrantes da cesta básica, a exemplo do arroz, do feijão, do café, do açúcar e da farinha, esses, sim, de importância vital para a população.

Mas, um país em que um “líder” religioso, que nunca trabalhou na vida, abre uma igreja como se empresa fosse, e a partir dela consegue construir um patrimônio bilionário através do seu conglomerado da fé, utilizando falsos poderes de cura, aproveitando-se do sofrimento e da esperança de milhares de pessoas, não é bom duvidar que essa proposta de emenda constitucional seja aprovada.

Estou me referindo a Silas Malafaia, o mala da fé, que a partir dessa proposta absurda vai comprar novos parafusos para acochar seu assento de ouro instalado em sua mansão no Morumbi, em São Paulo, livre de qualquer tributo.