Socialismo: toque de Midas às avessas

Imagem meramente ilustrativa.

INALDO BRITO | A simpatia que algumas pessoas ainda nutrem por sistemas econômicos comprovadamente ineficazes, e que se mostraram totalitários à medida que foram sendo implementados, parece não ter fim. É semelhante ao apostador que, mesmo sabendo da ínfima chance que possui em ganhar na loteria, ainda continua jogando, e defendendo com unhas e dentes suas ações com a desculpa de que é a forma mais fácil dele ficar rico.

O sistema econômico em questão é o socialismo. O socialismo nada mais é do que um modelo de economia planejada, onde um determinado burocrata ou assecla do governo decide o que é melhor para o resto da população. 

O termo planejamento dá a ideia de organização e segurança, mas isso só fica como ideia mesmo, pois o que acontece numa economia planejada (socialista) é o exercício de um controle governamental e burocrático sobre qualquer tendência de relações comerciais e mercadológicas entre as pessoas. Se você possui o seu negócio de carros, quem realmente define quais modelos de carros devem ser vendidos não é você, o dono da loja, mas sim o gestor central de seu país. Se você está interessado em comprar melancias, quem decide a quantidade não é você, mas sim o "planejador central". Foi assim na União Soviética, na Venezuela, em Cuba e em qualquer país onde vigorou o modelo planejado de economia - o socialismo.

Na União Soviética, por exemplo, o socialismo fez com que milhares de produtos fossem produzidos sem sequer haver demanda para tal. Esse é outro equívoco do socialismo: a péssima alocação de recursos. No regime socialista, o planejador não está interessado em saber se há demanda para determinado produto ou serviço; o interesse do planejador é passar a mensagem de que em seu país tudo pode ser também produzido. Não é à toa que o regime soviético fazia questão de tentar produzir as mesmas coisas que eram produzidas em países capitalistas na base puramente do que achava que era melhor para sua população. O problema é que nos países capitalistas havia demanda para tal, enquanto que no regime soviético ou as produções eram subdimensionadas ou superdimensionadas. O resultado sempre foi catastrófico do ponto de vista econômico.

Ludwig von Mises expôs claramente que economias socialistas são impossíveis de darem certo e crescer saudavelmente porque lhes falta algo basilar para o desenvolvimento econômico, que é justamente o cálculo econômico. Planejadores centrais não estão interessados se há orçamento, demanda e viabilidade para produzir tais insumos, e com isso eles desestimulam qualquer iniciativa econômica a respeito de controle de gastos, alocação de recursos e eficiência financeira. E por não dar atenção a tais fatores, a consequência sempre será aumento no índice de inflação e desemprego, consumando em carestia para a maior parte da população.

Claro que uma economia planejada não nasce da noite para o dia. Isso se deve ao fato de que os adeptos das teorias socialistas precisam convencer as massas de que estar sob tal regime é uma coisa boa, então para isso é preciso sugerir sutilmente que o sistema econômico é viável e salutar. Ideias como aumentar a taxação sobre os ricos, limitar o número de imóveis a ser adquiridos e até mesmo redistribuição de renda são ideias que pouco a pouco vão sendo defendidas e deflagradas entre cada camada da população até que, mais dia menos dia, um governo socialista sobe ao poder e começa a implementar tais mudanças. 

Logo logo, aumentar a taxação sobre os ricos se transforma em privar todas as pessoas de comprar o que bem entendem, limitar o número de compra de imóveis se transforma em proibir as pessoas de possuirem propriedades privadas, e redistribuição de renda se transforma em acumulação de riqueza por parte da elite política no poder. É só olhar para Venezuela e ver que o que aconteceu seguiu direitinho essa cartilha.

O fato de o socialismo ainda ser tão tolerado por boa parte da população brasileira é que ele passa a ideia de se preocupar com os mais pobres e desfavorecidos, embora o que se vê na prática é uma utilização descartável dessa mesma classe para fins de tomada do poder e controle político. O pobre e os menos favorecidos são utilizados pura e simplesmente como boi de piranha, afinal de contas, para o socialista os fins sempre justificam os meios. Quando o regime socialista de fato está implementado, todos tornar-se-ão pobres, até mesmo aqueles que são simpatizantes do partido que está no poder - a exceção desse estado de pobreza será unicamente os que estiverem no controle governamental.

O socialismo sempre foi o sistema econômico mais defendido por figuras da esquerda política, mais até do que o próprio comunismo. Talvez por que as medidas socialistas se enquadrem melhor no que tange o espectro da esquerda, com toda as suas idiossincrasias no que diz respeito ao aumento de impostos, demonização da propriedade privada e achincalhamento da liberdade econômica (e de expressão). Os mais pobres acabam sendo sempre os melhores peões a ser utilizados por tais figuras de esquerda (e socialistas), já que o nível de convulsão social acaba se revelando mais eficaz em tais camadas. É muito mais fácil o indivíduo que se encontra em situação de miséria acreditar que sua condição é fruto de algum riquinho egoísta que possui mais do que ele, e não lhe dá nada, do que pode ser por que lhe falta instrução educacional necessária para conseguir um emprego ou da liberdade de empreender que o próprio Estado lhe negou.

Há alguns países que são conhecidos como paraísos fiscais, onde corruptos e criminosos possuem contas para acumular valores absurdos de dinheiro não declarado ou fruto de algum desvio público ou roubo. O Brasil recentemente ficou conhecido como o paraíso criminal, onde o crime realmente compensa. Políticos corruptos riem pois agora sabem que todo desvio de erário, tráfico de influência, superfaturamento de obras e uso da máquina pública em benefício próprio não lhes causa mais o temor de serem presos ou condenados, enquanto houver instâncias a quem recorrer. Uma famosa frase de um cartaz em manifestação retrata bem o que acontece no Brasil: "Quando você é rico contrata um advogado. Quando você é riquíssimo contrata um juiz. Quando você roubou um país, contrata a Suprema Corte.".

Um desses larápios que roubou o país, junto com dezenas de outros políticos além do seu partido, após ser solto e exibindo todo o seu cinismo, disse que agora não é mais hora de gritar liberdade para o seu colega de partido (já que até ele foi solto), mas sim é hora de retomar o governo, afinal, palavras do próprio político: "...precisamos deixar claro que somos(...), de esquerda e socialistas.". 

Quando políticos socialistas (e de esquerda) conclamam o povo às ruas para lutar contra privatizações de empresas públicas, contra a derrubada de leis protecionistas para a entrada de empresas estrangeiras no país, contra a cessão de serviços públicos ineficientes a empresas privadas ou contra a implementação de modelos de gestão da iniciativa privada em universidades públicas, o que esses políticos estão dizendo é que mais vale um país arrasado para se dominar do que vê-lo se desenvolver sem se utilizar nenhuma medida socialista de governo. Ah, mais uma característica do socialismo: onde ele é implementado, país nenhum cresce e se desenvolve economicamente.