Taxar grandes fortunas é atirar (presunçosamente) no que se vê e atingir (ineptamente) o que não se vê

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | Imagine que você trabalhou sua vida toda e, aos troncos e barrancos, conseguiu construir um patrimônio substancial, arcando com toda a carga tributária que a legislação lhe impõe. Você, enfim, se torna rico.

Até que, num determinado momento da vida, um burocrata lhe diz que você terá que “contribuir” ainda mais porque é injusto você ter mais riqueza do que o restante do país, que é majoritariamente mais pobre. Para isso, ele não apenas vai taxar seus lucros e ganhos comerciais, empresariais ou de investimento; ele vai taxar a sua fortuna, o seu patrimônio. O que você faria?

Bom, eu não sei qual seria a sua reação, mas posso te contar que nos lugares onde esse tipo de taxação aconteceu, a maioria daqueles atingidos diretamente por tal legislação (os ricos) optou por sair do país e se firmar em outro onde a sua riqueza não fosse tratada como um mal. Foi assim na França, foi assim na Venezuela, está sendo assim na Argentina e Bolívia e não será diferente no Brasil, caso o Congresso brasileiro aprove legislação parecida.

Frédéric Bastiat já sinalizava sobre os perigos que advêm quando certas decisões econômicas são tomadas levando em consideração apenas o curto prazo, ou como ele mesmo escreveu, aquilo que se vê, e não se atenta para os custos e efeitos a longo prazo.

Alguns burocratas e defensores da justiça social colocam na conta dos ricos a maior parte da miséria e desigualdades que o país atravessa, quando, na verdade, a péssima alocação de recursos, a enorme carga tributária e os gastos públicos deficientes proporcionados pelo Estado (na pessoa dos representantes do povo – políticos e elite do funcionalismo público) são o que de fato prejudicam os mais pobres.

Conter gastos, reduzir o consumo exponencial do uso dos cofres públicos e enxugar a máquina pública são temas pouco colocados em votação pelos burocratas do Estado. Pelo contrário, para continuar sua sanha predatória, esses burocratas sempre preferem aderir à criação de mais impostos, ainda mais se o foco estiver nos mais ricos, sem se importar se os mais pobres serão atingidos indiretamente.

Taxar grandes fortunas é o pior remédio que alguém pode receitar para o déficit público de um país. Fazer isso é privilegiar a corrupção, o estabelecimento de “laranjas” para pulverizar riquezas adquiridas de modo ilícito e a inveja dos justiceiros sociais.

Estar num determinado patamar econômico nem sempre é sinal de estagnação. Muitos daqueles que trabalham se imaginam em situações melhores nos anos seguintes, pelo menos esse é o espírito visionário daqueles que empreendem. Como diria Thomas Sowell: “Nunca entendi por que é ‘ganância’ você querer conservar o dinheiro que ganhou, mas não é ganância querer tomar o dinheiro dos outros.” 

Os burocratas gananciosos do Estado sempre tentarão justificar sua espoliação como um mal necessário. Bem, a história tem demonstrado que esse “mal necessário” tem feito estragos terríveis na economia dos países onde ele foi implementado, já que desestimula-se e desincentiva-se o empreendedorismo, enquanto tolhe-se a geração de empregos, colocando o acúmulo de capital como um pecado imperdoável.

Que ainda possa haver vida inteligente no Congresso brasileiro a fim de evitar tão grande mal!