Você comeria um bife de frango feito de plantas? Alimento chegará no Brasil

Imagem: divulgação.

Um produto que parece frango, tem gosto de frango, mas é feito a base de plantas, será vendido até o final de 2022 no Brasil. Trata-se do Tindle, alternativa mais sustentável para o consumo de carne e que foi criado pela startup Next Gen Foods, fundada pelo alemão Timo Recker e pelo brasileiro André Menezes.

“A gente entende que o consumidor está buscando, na verdade, o gosto, a textura, e a versatilidade do frango. E isto não é necessariamente ligado a maneira como o animal é produzido e sim ligado ao alimento frango. Então basicamente, separando estas duas coisas, a gente resolveu criar o Tindle, que entrega tudo o que a gente gosta em frango, sem toda a parte de trás da cadeia [alimentar], que a gente entende que é um sistema muito ineficiente e que tem que existir uma maneira melhor de fazer”, afirma Andre Menezes, cofundador e COO da empresa.

De acordo com a Next Gen Foods, o crescimento dos produtos plant-based, alimentos feitos com plantas que podem substituir os de origem animal, vêm chamando a atenção dos consumidores ao redor do mundo. Segundo o banco suíço UBS, o mercado global de proteínas vegetais deve movimentar cerca de US$ 85 bilhões até 2030. Já o investimento global em tecnologia de alimentos nos três primeiros trimestres de 2020 foi de mais de US$ 8 bilhões.

Assista a matéria do Olhar Digital News:

Brasil é visto como mercado com potencial

No Brasil, o número de vegetarianos cresceu 75% entre 2012 e 2020, segundo o Ibope. Ainda de acordo com o instituto, 60% de todas as pessoas entrevistadas prefeririam comprar produtos à base de plantas se a faixa de preço fosse semelhante à dos produtos de origem animal da mesma categoria.

“O Brasil é um dos quatro principais mercados que a gente identifica no mundo como potencial, juntamente com Estados Unidos, Europa e China. Certamente a gente tem o objetivo de levar o Tindle para o Brasil, seja para produzir no Brasil e exportar para vários lugares do mundo, seja para servir o mercado doméstico brasileiro”, diz Andre Menezes.

“A gente entende que o consumidor brasileiro é bastante aberto a novidades, é bastante preocupado com a sustentabilidade, além de tudo gosta muito de alimentos deliciosos. E a gente entende que existe um grande potencial para a Tindle no Brasil”, completa o COO da Next Gen Foods.

E com tanto otimismo no setor, muitos investidores têm olhado de forma especial para as startups de food tech. Recentemente, a Next Gen Foods recebeu um aporte histórico de 20 milhões de dólares. O valor vai ser usado para impulsionar a entrada do Tindle nos Estados Unidos, principal mercado de carne vegetal do mundo. Já o Brasil deve receber as operações da startup até o final de 2022.

O aporte histórico que elevou o valor da captação seed (investimento de recursos destinados a empresas e startups em crescimento inicial) da startup para US$ 30 milhões foi anunciado em julho deste ano. A extensão do aporte seed da marca da Next Gen Foods incluiu investidores como GGV Capital, Yeo Hiap Seng, Bits x Bites, entre outros. Com o financiamento, eles se juntam a Temasek e K3 Ventures, responsáveis pelo investimento anterior de US$ 10 milhões em fevereiro deste ano.

Aliás, segundo dados da consultoria americana especializada em startups Pitchbook, o primeiro investimento seed da Tindle já era considerado o maior de todos os tempos nesse modelo de financiamento para o segmento. Ao totalizar um montante três vezes maior que o investimento inicial, a startup dá um grande passo para liderar o setor nos Estados Unidos.

Rumo à liderança

Basicamente, a “carne vegetal” da Tindle tem alto teor de proteínas e fibras, com baixos valores de carboidratos em sua composição. Toda essa combinação resulta em um produto semelhante ao frango “de verdade”, mas sem o uso de modificações genéticas durante o processo para alcançar o resultado.

Com o aporte, a Next Gen deverá usar os recursos para estabelecer a marca Tindle pelos Estados Unidos. E não é pra menos: com faturamento anual de US$ 7 bilhões no ano passado, o mercado americano consolidou-se como o maior segmento de carne vegetal do mundo.

Foto dos cofundadores da Tindle

Cofundadores da Tindle, Timo Recker e Andre Menezes estão otimistas para o crescimento da startup. Foto: Tindle/Divulgação

A ideia, inclusive, é que o financiamento faça a Tindle entrar na briga pelo mercado de carne vegetal, rivalizando com gigantes como Impossible Foods e Beyond Meat.

Expansão global

Mas, bem, o mercado americano não é o único interesse da Tindle. A startup de carne vegetal também mira expansões para Ásia e Oriente Médio. Até porque o produto da companhia já é vendido em Cingapura, Hong Kong e Macau, e pode ser encontrado em 70 restaurantes.

E ao que parece, o cenário deverá mostrar-se favorável para essa expansão. Isso porque, de acordo com o banco suíço UBS, o mercado global de proteínas vegetais deve crescer nos próximos anos, com a possibilidade de atingir um faturamento de US$ 85 bilhões até 2030.

Olhar Digital.