"Posso nocautear qualquer um no mundo", afirma Cigano sobre preparação

Cigano garante que continua veloz.

Com luta marcada para o próximo sábado, 9, contra o americano Derrick Lewis, o ex-campeão dos pesos pesados (até 120,2 kg), Júnior Cigano, tem se preparado arduamente para voltar ao posto mais alto do Ultimate Fighting Championship (UFC). Ocupando atualmente a oitava posição no ranking, Cigano terá a dura missão de enfrentar o atual terceiro colocado da categoria.

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Radicado em Salvador,  o lutador, que tem em seu corner o baiano Luiz Dórea - treinador de pugilistas como o ex-campeão Popó, e a atual promessa Robson Conceição, falou com exclusividade ao grupo A TARDE acerca de sua preparação para o evento, que ocorrerá em Kansas, nos Estados Unidos.

Você teve pouco mais de três meses desde sua última luta, contra o australiano Tai Tuivasa, como você avalia sua preparação neste curto espaço de tempo?

Eu tive uma preparação boa, na verdade. Minha preocupação principal é me manter ativo o máximo que eu puder durante os próximos anos. Quero fazer, no mínimo, três lutas por ano e estar lutando rápido, isso é uma vitória pessoal para mim.

Na luta do próximo sábado, teremos dois lutadores de muito boa trocação. Podemos esperar do Júnior Cigano uma mudança de estratégia, com você tentando levar a luta mais para o chão?

Não. Eu sou um cara do boxe e isso não vai mudar, é quem eu sou. Eu me sinto confortável nessa área e acredito que posso nocautear qualquer um no mundo, basta lutar bem, ter uma cabeça boa e estar confiante. Eu tô me sentindo dessa forma, fiz uma ótima preparação para essa luta. É óbvio que eu sou lutador de MMA, se eu ver que existe uma oportunidade que seja clara, eu vou levar a luta para o chão e também buscar finalizar.

Nos últimos meses, você, que costumava se apresentar em torno dos 109 kg, passou a lutar na casa dos 115 kg. Pela característica de lutar em pé, não teme que isso interfira na velocidade de sua movimentação?

No início isso realmente foi uma preocupação nossa, se eu teria ficado mais lento. No entanto, isso não aconteceu e eu fui capaz de manter a mesma velocidade. Na verdade, eu tenho 35 anos, os treinadores brincam que músculo pesa mais que gordura e aos poucos a gente vai ganhando mais força que, por consequência, pesa mais

Em 2011, você conquistou o cinturão contra o americano Cain Velasquez. Hoje, com 35 anos, vindo de duas vitórias, pode começar a sonhar novamente com o cinturão, caso ocorrá uma terceira vitória consecutiva?

Com certeza. Depois dessa vitória, é possível. Agora, eu acredito que eu não preciso estar me qualificando para lutar pelo cinturão. Vencendo a próxima luta no sábado, vai ser algo mais de política do UFC. Eu acho que faria total sentido estarem me colocando porque, na divisão, preciso haver atletas que se mantenham ativos e eu estou me mantendo ativo. Uma hora ou outra, a oportunidade vai chegar. No entanto, se eu estiver que esperar demais para fazer outra luta, então não quero.

Após a sua luta contra o Frank Mir, onde você emplacou nove vitórias consecutivas no UFC, você passou por um momento um pouco complicado, perdendo 4 de 7 lutas. Como você justifica esse período de declínio? 

Acredito que faz parte da carreira. Às vezes a gente não está como se planeja, e pequenos erros acabam nos custando caro. Nisso, eu me permiti errar. Os meus oponentes me estudaram, sabiam meu jogo e como eu lutava. Eu acredito que era algo que precisava acontecer para que eu crescesse profissionalmente e como pessoa. Com isso, eu aprendi grandes lições e sei que me tornei um lutador melhor hoje.

No entanto, olhando para trás, onde, específicamente, você acha que acabou pecando naquele período? 

Acho que um pouco ansiedade, queria me impor e acabar com a luta logo. Às vezes a gente acaba pecando e não tem o que fazer, luta é luta, ainda mais nos pesos pesados. Se a mão entrar alí, você sente e não tem jeito. Então, não estava vivendo um bom momento, mas, como você falou, houveram vitórias também, foram altos e baixos

No posto mais alto do ranking dos pesados, está Daniel Cormier, um lutador que veio de uma categoria abaixo, os meio-pesados. Sendo assim, por possuir altura e envergadura bastante inferiores, pode-se dizer que o caminho para o cinturão está mais fácil?

Não diria mais fácil, até porquê, não existe caminho fácil. Estamos no UFC, não é atoa que ele é o campeão. Ele realmente tem uma envergadura baixa, tem um físico que não é atlético, mas ele domina totalmente o wrestling. Com isso, ele é capaz de manter o controle da luta. A gente pode ver isso na luta dele com o próprio Derrick Lewis, onde o Lewis nem respirou. Então esse excelente wrestling que ele possui, alinhado com outras modalidades que também é muito bom, o torna um lutador muito perigoso.

Derrick Lewis já alegou que enfrentá-lo não significa nada para ele e que você será o adversário mais fraco que já enfrentou até agora. O que pensa sobre isso e o que teria para dizer para seu oponente?

Como ele sabe que eu sou o adversário mais fraco se a gente nunca lutou? É algo idiota da parte dele. Pra mim, o que está acontecendo é muito claro. Ele está com medo de mim e quer tentar pegar no meu emocional. É uma estratégia bastante inteligente, porque ele sabe que vai apanhar, nem que seja por cinco rounds inteiros. Ou seja, ele precisa de alguma forma criar oportunidade para ele, pois eu sou o cara mais rápido da categoria. Eu combino poder de nocaute e precisão, ele sabe disso. Mas eu não caio nesse tipo de conversa, já passei por várias situações e hoje em dia eu sei como manter meu foco naquilo que é importante.

Essa semana você reafirmou a vontade em enfrentar o Jon Jones, atual campeão dos meio-pesados, esse interesse em uma luta de peso casado é real?

Com certeza. Acho que o Jon Jones é o maior peso por peso do mundo, e seria um cara que qualquer lutador gostaria de enfrentar, pelo menos no meu caso. Eu não escolho adversários, quero poder sempre lutar com os melhores e o Jon Jones é o melhor hoje. Lógico que minha prioridade é lutar pelo cinturão da minha categoria e, em uma oportunidade eventual, estar lutando contra o número um do mundo. 

Antes de cada batalha, alguns lutadores costumam recorrer a superstições. Você tem alguma em especial?

Não considero superstição, mas eu me apego muito a Deus e peço que ilumine muito a minha cabeça para que as oportunidades consigam chegar e eu saiba aproveitar elas. É uma questão de fé mesmo.

Você, com 35 anos, já pensa em algum projeto para quando decidir se aposentar, abrir uma academia, ou algo do tipo?

Sobre a academia, já pensei várias vezes, mas ainda não aconteceu. Sem ser no mundo da luta, já tive algumas outras oportunidades em minha vida, mas não decidi nada ainda. Mas de qualquer forma, eu só tenho 35 anos, ainda tenho um contrato de mais três lutas com o UFC, contando com essa. Tem muito tempo de luta pela frente, então vamos ver.