"Se fosse uma facada, morreria", diz homem que teve socorro dificultado por atendente do Samu, em Curitiba
O venezuelano Wilson Gomez foi encontrado desacordado e ferido na tarde de sábado. — Foto: Reprodução/RPC.
O venezuelano Wilson Marques disse que poderia ter morrido se estivesse com um ferimento mais grave, porque uma funcionária do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Curitiba dificultou o atendimento dele.
“Se fosse uma facada, um tiro, a pessoa morreria sangrando", disse.
No sábado (5/1), o empresário Valdecir Mikuska encontrou Wilson desacordado com um ferimento na cabeça, caído em um canteiro de uma rua.
O empresário ligou para o atendimento do Samu, e a funcionária disse que só poderia enviar uma ambulância para socorrer Wilson se tivesse o consentimento do ferido.
"Se ele quiser morrer o problema é dele", afirmou ela, depois de Valdecir dizer que era impossível consultar Wilson já que o venezuelano estava desmaiado.
Wilson se envolveu em uma briga em um bar e ficou desacordado na rua com um corte na cabeça, acima do olho.
Para ele, o procedimento adotado pela funcionária não foi correto. “O atendimento é uma urgência. A pessoa não sabe o quanto a outra esta precisando de ajuda”, afirmou.
O venezuelano agradeceu a atitude do empresário Valdecir Mikuska, de telefonar para o Samu. “Foi um gesto nobre, e eu fico muito agradecido”, disse Wilson Gomez.
A ligação feita por Valdecir foi gravada pelo empresário usando um aplicativo de celular. Ele contou que, no momento em que foi tentar conversar com o homem caído, para perguntar se ele queria ajuda, o telefonema caiu ou foi desligado.
Veja como foi o atendimento:
Atendente: Samu, bom dia!
Valdecir: Bom dia!
Atendente: Quem está falando?
Valdecir: É o Valdecir.
Atendente: O que está acontecendo?
Valdecir: Tem um rapaz caído aqui no canteiro da Avenida Santa Bernadete, com a cabeça sangrando.
Atendente: O senhor conhece ele?
Valdecir: Não.
Atendente: O senhor perguntou se ele quer ajuda?
Valdecir: Não, nem perguntei.
Atendente: Tá, mas tem que perguntar senhor, porque às vezes ele não quer.
Valdecir: Mas deixa morrer ali?
Atendente: Se ele quiser sim.
Valdecir: Mas que tipo né.
Atendente: Tem que perguntar para ele, porque a gente não pode pegar ele a força. Se chegar aí e ele não quiser, a ambulância faz o quê?
Valdecir: Mas e se morre o caboclo ali?
Atendente: Senhor, se ele não quiser e se quiser morrer aí o problema é dele. O senhor tem que perguntar se ele quer atendimento.
Valdecir: Mas se ele nem responde por ele. Vou ver se ele consegue, só um minuto.
Valdecir: oi, oi?
Afastamento da funcionária
Em nota, a prefeitura disse que o atendimento não foi correto. A secretária municipal de Saúde, Márcia Cecília Huçulak, afirmou que a funcionária foi afastada do cargo e responderá a um processo interno.
Conforme a assessoria da prefeitura, a vítima foi atendida na ambulância e liberada, pois não havia necessidade de encaminhamento para um hospital.
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