"Uma pessoa não inventaria descrições sexuais tão explícitas", diz diretor de doc sobre supostos abusos de Michael Jackson
Foto: divulgação.
Em entrevista à BBC, Dan Reed afirmou ainda: "É a coisa mais humilhante e chocante admitir que você estava no quarto ao lado enquanto alguém estuprava seu filho por anos e anos"
Dan Reed, diretor do documentário "Leaving Neverland", sobre supostos abusos sexuais cometidos por Michael Jackson (1958-2009) contra duas crianças nos anos 1990, disse em entrevista à BBC que "o culto à celebridade é maligno e leva as pessoas a ficarem cegas e os pais a fazerem coisas estúpidas".
Baseado nos relatos de Wade Robson e James Safechuck, hoje com 36 e 40 anos respectivamente, o filme de quatro horas foi considerado tão explícito que uma sessão contou com acompanhamento de profissionais de saúde mental. Os responsáveis pelo espólio do cantor negaram as acusações e disseram que o filme é "uma tentativa ultrajante e patética de explorar e lucrar" após a morte de Michael.
O diretor, no entanto, disse pretender que seu filme "faça os pais pensarem duas vezes antes de confiar em estranhos e que as pessoas pensem duas vezes antes de idolatrar uma celebridade". Reed afirmou também que demorou "um tempo" para acreditar nos rapazes: "Entrevistei Wade por três dias e James, por dois. Eles foram muito abertos e consistentes em seus relatos. Depois, quando aprofundei minha pesquisa, não descobri nada que contestasse o que disseram".
As famílias de Robson e Safechuck, incluindo mães, pais e irmãos, também foram entrevistados para o documentário. Para o cineasta, "os relatos de suas mães e famílias também eram muito consistentes e apoiavam tudo o que eles diziam". E mais: "Suas mães foram totalmente críveis também. Admitir ter entregue seu filho às garras de um predador pedófilo não é fácil para qualquer mãe. Eu as parabenizo por sua coragem de revelar como se sentiram ao contar a história toda".
Ele disse ainda: "Não consigo imaginar que uma mãe invente isso - é a coisa mais humilhante e chocante admitir que você estava no quarto ao lado enquanto alguém estuprava seu filho por anos e anos". E sobre as supostas vítimas, Reed afirmou: "Uma pessoa não inventaria descrições sexuais tão explícitas". Quando meninos, ambos passaram um tempo no rancho Neverland de Jackson, onde, dizem, compartilharam a cama com o Rei do Pop.
Por fim, o diretor refletiu sobre o perigo do culto às celebridades: "Especialmente quando você é jovem e seu ídolo é um incrível dançarino ou cantor, você pensa que este talento se traduz em bondade, você assume que ele é uma pessoa legal e, infelizmente, esse não é o caso. Temos que ser mais céticos e desafiar mais a fama, a celebridade e o poder do que fazíamos no passado".
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