A difícil tarefa de escolher
Imagem ilustrativa.
Talvez precisamos apenas aprender a ser mais decididos e lidar com nossas frustrações de uma possível escolha errada
Escrevi esse artigo para que possamos pensar no ônus e no bônus de viver em uma geração que têm tantas opções de escolhas na palma da mão.
Já percebeu como é difícil escolher alguma coisa hoje em dia? Já notou que nosso dia é recheado de escolhas? Começamos o dia escolhendo qual roupa de ir trabalhar, depois, escolhemos o que comer no café da manhã, qual o melhor caminho até a empresa, se vamos ouvir rádio, notícias, podcast, música. Chegando lá, escolhemos entre ler e-mails, ou responder no whats, fazer isso ou aquilo, reunião A, ou atender fornecedor B. Enfim, passamos o dia escolhendo.
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Quando seu dia parece acabar, mais escolhas. Você resolve pedir uma comida, e vem a dúvida: japonesa, pizza, mexicana, caseira, fast food, salada, massa, árabe, hambúrguer ou qualquer outra coisa. Depois que finalmente escolhemos o restaurante, nos deparamos com um cardápio enorme que por vezes dá vontade de jogar tudo pro alto e cantar: “minha mãe mandou eu escolher…”.
Mais tarde, você resolve escolher um filme na Netflix. Quantas opções, quanta variedade. Mas você pode escolher o filme, ou ainda duas opções: desistir, ou mudar para outra plataforma de streaming e recomeçar o processo.
Tudo parece ser tão descartável, são tantas variedades que até para escolher o amor das nossas vidas temos muitas opções. Hoje você pode escolher seu “parceiro” por aplicativo; o Tinder por exemplo, é um verdadeiro cardápio. Hummm, deixa eu ver… O que eu vou escolher dessa vez? Loiro, alto, moreno, inteligente, bombado, nerd, gordo, magro, feio, bonito, novo, velho? Qual será o melhor?
Pois é, estamos em um mundo onde cada vez temos mais liberdade de escolha. Em contrapartida, nos sentimos cada vez menos confortáveis em escolher. O que era para ser bom, muitas vezes nos deixam mal. Gastamos tanta energia para decidir, que antes mesmo de começar a aproveitar nossa "escolha" já estamos exaustos. Sem falar no “medo" de não ter feito uma boa escolha e perder algo “melhor”.
Às vezes, achamos que era melhor quando tudo era “pior” (ou seja, quando tínhamos menos opções); naquela época, talvez fosse realmente possível ter experiências que eram verdadeiras surpresas. Mas a realidade é que estamos em uma geração que se sente culpada, ansiosa e depressiva. Vivemos em uma época em que a pessoa tem 400 canais de TV por assinatura, Netflix, Amazon Prime, Disney e Google Play e fala que "não tem nada de bom" para assistir. Têm dez portas do guarda-roupa cheio, e diz que não tem roupa para vestir. Tira 200 fotos e diz que nenhuma ficou boa.
Talvez não basta culparmos as big techs por nos “dar tantas opções”, por disputar nossa atenção, por criar dispositivos que nos prendam por horas e horas nas telas. Talvez não devemos apenas culpar a tecnologia e dizer que antes era melhor ou pior. Talvez precisamos apenas aprender a ser mais decididos e lidar com nossas frustrações de uma possível escolha errada. Mas, talvez, o que realmente precisamos é aprender como ser mais grata.
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