A enchente da insensibilidade
Imagem ilustrativa.
MÔNICA BASTOS | Nos últimos dias, o Rio Grande do Sul tem enfrentado uma das maiores tragédias naturais de sua história, com enchentes devastadoras que deixaram um rastro de destruição, dor e sofrimento, além de marcas profundas não apenas no solo, mas na alma de cada cidadão gaúcho. Até o momento, a defesa civil contabiliza 148 mortos, 125 pessoas desaparecidas e 538 mil desalojados. Diante de uma catástrofe dessa magnitude, seria de se esperar que a solidariedade e o apoio mútuo predominassem e, nesse sentido, os brasileiros deram um show.
No entanto, em meio a tanto sofrimento, o comportamento de algumas pessoas nas redes sociais nos revela uma outra face dessa calamidade: a insensibilidade, o triste espetáculo de críticas e o julgamento precipitado de quem está distante da realidade dos fatos.
A facilidade com que se aponta o dedo, para aqueles que se encontram na linha de frente do socorro e os métodos adotados para oferecer ajuda, é preocupante. As redes sociais, que poderiam ser um espaço de união e solidariedade, têm se transformado em um tribunal onde todos são juízes. É como se, para alguns, fosse mais importante condenar do que compreender; mais fácil julgar do que estender a mão. Essa postura, além de desumana, é nociva.
Sim, é fundamental que haja fiscalização e que se questionem as falhas para que se aprenda com os erros e se evite novas tragédias. No entanto, a crítica destrutiva e desinformada não ajuda em nada. Pelo contrário, ela desmotiva os que estão tentando ajudar e desvia o foco do que realmente importa: salvar vidas, apoiar os desabrigados e reconstruir o que foi destruído.
Que tal, em vez de apenas criticar, buscar informações precisas, entender as limitações e os desafios daqueles que estão na linha de frente?
O que se espera de uma sociedade solidária não são críticas destrutivas, mas ações concretas, seja através de doações, voluntariado, orações ou mesmo palavras de incentivo. Há muitas formas de contribuir de maneira positiva.
A verdadeira solidariedade se mostra em ações, e não em palavras amargas lançadas de trás de uma tela. O momento exige empatia, compaixão e uma disposição sincera para ajudar.
Que possamos aprender a usar nossa voz nas redes sociais não para dividir, mas para unir; não para ferir, mas para curar.
Que a tragédia do Rio Grande do Sul seja um lembrete de que, em tempos de crise, o que mais precisamos é de mãos estendidas e corações abertos. Que ela nos ensine abraçar ao invés de julgar, auxiliar ao invés de criticar, construir com atitudes, ao invés de destruir com palavras, pois, é na adversidade que se revela a verdadeira essência de nossa humanidade.
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