A politicagem e o uso demagógico das vacinas
Imagem ilustrativa.
INALDO BRITO | Deveria ser algo simples, mas na política tudo vira um espetáculo circense. Assim não é diferente no anúncio e entrega dos imunizantes da Covid-19.
Independentemente dos lados e espectros políticos, é difícil encontrar um representante do povo que não utilize as vacinas como palanque para a autopromoção. Sim, a maioria dos nossos representantes possui uma tara pelo narcisismo e por contar vantagens de si mesmo. Nada melhor que num cenário pandêmico para continuarem agindo assim.
A cada notícia acerca dos andamentos de contratação de fornecedores dos imunizantes, palcos são montados para o anúncio de informações que já teriam um alcance suficiente apenas divulgando-se uma nota em qualquer veículo de comunicação.
Mas nossos representantes não se contentam com isso. O objetivo de fato é fazer com que seus eleitores, ou seu reduto eleitoral, atrelem um caráter messiânico à figura do político na conquista da vacina e na cessão benevolente aos demais reles mortais.
Na política brasileira, nada é feito por filantropia, caridade e altruísmo. O que interessa aos atores políticos é aparecer o maior tempo possível diante dos holofotes midiáticos, ainda mais se for para posar como o salvador da pátria.
E aqui não importa se o governo é federal, estadual ou municipal, todos, absolutamente todos, sabem bem como fazer valer seus poderes para publicizar seus feitos. Aqui mais uma vez é onde o princípio da publicidade na Administração Pública é jogado na lata do lixo, quando o nome do prefeito, secretário, vereador, deputado, governador ou presidente é colocado em evidência em vez da mera instituição.
A demagogia une essas figuras em prol de um bem maior para suas vidas políticas: a manutenção de cargos e a continuação de gestões políticas em seus feudos eleitorais. Entenda: o interesse dos tais não é deixar as pessoas informadas, antes é martelar na cabeça da população "quem" está fazendo algo por ela, por isso que mesmo algo trivial é tratado como se fosse um furo informativo.
Ainda continuaremos um bom tempo assistindo as bizarrices dos nossos representantes fazendo poses para fotos segurando exemplares de vacinas ou entregas "simbólicas" de caixas térmicas com imunizantes. É provável que isso se torne até peça publicitária de campanhas eleitorais futuras.
Depois que toda essa pandemia passar não duvide que haverá algum parlamentar que procurará submeter aos colegas a criação de uma data comemorativa, quem sabe o "Dia da vacinação contra a Covid". É assim que a mentalidade política funciona: indivíduos sempre buscando se promover em cima de tragédias e cenários caóticos.
Pode parecer estranho ouvir e ver isso, mas lembrem-se: vivemos num país que sempre foi governado por estranhos.
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