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EDILSON ROCHA | No último dia 27 de novembro (2021), no Estádio Centenário, na cidade de Montevideo, no Uruguai, Palmeiras e Flamengo realizaram, certamente, a mais aguardada decisão da Copa Libertadores da América, principal e mais importante competição do futebol do continente sul-americano, equivalente, guardadas as devidas proporções, à Champions Ligue.

De um lado, o campeão da Libertadores de 2019, e do outro, o campeão da Libertadores de 2020 – ambos os clubes tradicionais em conquistas das principais competições do futebol mundial, ainda que a Fifa tivesse reconhecido o título da Copa Rio de 1951 como mundial, no qual o Palmeiras para chegar à final e ser campeão teve que jogar sete partidas, incluindo fases de grupo e semifinais, e anos depois voltado atrás, sem, entretanto, ter deixado de reconhecer o Flamengo como campeão mundial de 1981, mesmo por apenas um jogo, em ritmo de amistoso e de férias do time adversário, o Liverpool.

Polêmicas à parte em relação ao Palmeiras ter ou não ter mundial, fato é que a Libertadores de 2021 ficará, com toda certeza, eternizada não só pelos clubes paulista e carioca, como também pelos torcedores de outras agremiações, principalmente do eixo Rio-São Paulo. Talvez nem tanto pelo resultado, que levou o Verdão ao tri daquela competição tão cobiçada – 1999, 2020 e 2021 –, mas pela soberba dos torcedores do Flamengo, extremamente convencidos de que o rubronegro seria o campeão, como se o adversário fosse uma estátua e não um time de futebol.

O resultado de 2 x 1 para o Palmeiras abalou os milhões de flamenguistas de todo o mundo, pois, em nenhuma hipótese, acreditavam que o título da Libertadores não seria do time rubronegro. Até os principais comentaristas esportivos cravaram o título flamenguista, inclusive projetando o placar da partida, a qual, nada surpreendente, só foi decidida na prorrogação, com um gol – mas neste caso, sim, surpreendente – de Deyvison, atacante até então fortemente criticado pela torcida palmeirense.

Todo o mundo acompanhou a soberba flamenguista antes da partida do dia 27 de novembro de 2021 e, desde então, as gozações protagonizadas por palmeirenses são diárias, para o desespero dos flamenguistas que, no estádio, embora estivessem na condição de 25 mil torcedores, foram calados por apenas 11 mil torcedores palmeirenses. Em razão deste fato vergonhoso para a “nação rubro-negra”, os uruguaios, ao constatarem a fraca animação dos torcedores flamenguistas, passaram a considerá-los de “los muertos”.

Embora palmeirense, sou um torcedor realista, com discernimento para dizer que tudo o que se planeja só pode ser comemorado após o resultado, após os lucros do planejamento. Os flamenguistas, entretanto, com a sua soberba, comemoram o planejamento antes da hora. E o resultado: muitos Kiá Kiá Kiá’s.