Além do Calendário

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MÔNICA BASTOS | Com o final de mais um ano se aproximando, as expectativas para o ano vindouro se tornam um tema comum em conversas. Há uma tendência natural em desejar recomeços, como se a virada de um calendário fosse uma espécie de "reset" que nos permite esquecer falhas e recomeçar sem erros do passado. No entanto, mais importante do que cultivar essas expectativas sobre o futuro, é fazer uma reflexão sobre o ano que está se encerrando. Uma retrospectiva das atitudes, comportamentos e escolhas que nos conduziram até aqui.

É fácil, e até mais confortável, olhar para o que não deu certo e encontrar culpados. Nossa mente muitas vezes busca esse alívio rápido, pois assumir a responsabilidade por nossas próprias falhas é um processo mais doloroso. No entanto, a real mudança começa a partir do momento em que aceitamos o que está sob o nosso controle: nossas próprias ações e decisões.

Para toda ação, há uma reação. É importante olhar para as nossas atitudes com honestidade e perceber como nossas próprias escolhas e comportamentos contribuíram para o que alcançamos ou deixamos de alcançar.

A verdade é que algumas das dificuldades enfrentadas ao longo do ano, os objetivos não atingidos, os sonhos não realizados, muitas vezes estão ligados ao nosso comportamento. Em vários momentos, a vida nos oferece oportunidades, mas nossa postura e nossos velhos hábitos nos impedem de aproveitá-las.

O ano novo não é uma "virada de chave". Não existe uma fórmula mágica que apague o que passou e nos ofereça, de imediato, novas chances de sucesso sem nenhum esforço. O que de fato um novo ciclo nos proporciona é a oportunidade de recomeçar com mais sabedoria, com mais consciência de quem somos e de como agimos. 

Cada situação exige de nós uma postura adequada. Desta forma, precisamos ajustar a nossa postura, e isso implica em abandonar velhos hábitos que podem nos impedir de avançar. 

Ao ajustarmos a nossa postura diante das circunstâncias atuais, criamos espaço para novas oportunidades, novas relações e novas formas de perceber o mundo. A transformação pessoal é um convite para observar, aprender, desapegar e, principalmente, mudar para que possamos, assim, abraçar de forma plena tudo aquilo que a vida tem a oferecer de melhor.

O início de um novo ciclo é uma chance de renovação, não apenas para planejar o que está por vir, mas para revisar, repensar e melhorar a forma como lidamos com o presente. E que, mais do que desejar, saibamos agir, aprender e crescer, sempre — além do calendário.