Cesare Battisti é preso na Bolívia; italiano estava foragido desde dezembro

Cesare Battisti estava foragido desde dezembro. (Foto: Reginaldo Castro/AFP)

O italiano Cesare Battisti, 64 anos, foi preso na madrugada de sábado (12), na cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A informação foi confirmada pela Polícia Federal do Brasil, na madrugada deste domingo (13). 

De acordo com as autoridades da Itália, a detenção foi possível pela parceria entre investigadores italianos e bolivianos. Ele caminhava tranquilamente pela rua e usava uma barba falsa.

Battisti estava em Santa Cruz de La Sierra, uma das principais cidades da Bolívia, e foi capturado por volta das 17h do sábado. Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa.

As autoridades avaliam se a extradição para a Itália será feita diretamente da Bolívia ou se Battisti será enviado para o Brasil e, assim ser encaminhado para a Europa. Há uma aeronave do governo italiano com agentes da Aise, a agência de inteligência do país, aguardando orientações, em território boliviano.

Foragido

Battisti era considerado foragido desde o dia 14 de dezembro. Foi quando o então presidente Michel Temer assinou o decreto de extradição do italiano. Ao determinar a extradição, Temer revisou uma decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No dia anterior, 13 de dezembro, a prisão de Battisti tinha sido determinada pelo ministro Luis Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, Luiz Fux expediu o mandado de prisão para ser cumprido pela Interpol. Também citou pedido da Interpol para prender Battisti pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. 

Battisti tinha sido condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália nos anos 1970. No entanto, ele nega ter sido o autor dos crimes e se diz vítima de perseguição política.

O jornal italiano La Repubblica afirmou, citando fontes do governo, que ainda não está claro se Battisti passará pelo Brasil antes de voltar à Itália. Ao jornal, fontes ligadas ao  Ministério do Interior daquele país afirmaram que não descartam que ele volte para a Itália ainda entre este domingo (13) e segunda (14).

Em dezembro, a Polícia Federal afirmou que, em uma única semana, realizou 32 operações para checar informações sobre o paradeiro do italiano. 

Entenda

Os crimes de Battisti foram cometidos quando ele integrava o grupo Proletariados Armados pelo Comunismo. O italiano chegou em 2004 ao Brasil, onde foi preso três anos depois. Battisti foi solto da Penitenciária da Papuda, em Brasília, em junho 2011, e voltou a ser preso em outubro do ano passado na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia. 

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele tentou sair do país ilegalmente com cerca de R$ 25 mil em moeda estrangeira. Após a prisão, Battisti teve a detenção substituída por medidas cautelares. 

Em 2010, o Supremo julgou procedente o pedido de devolução feito pela Itália três anos antes, mas deixou a palavra final para o presidente da República. Lula - atualmente condenado e preso na Operação Lava Jato - negou, porém, no último dia de seu segundo mandato, entregar Battisti às autoridades italianas. No ano passado, a Itália pediu que o governo Temer reconsiderasse a decisão de Lula. A defesa do italiano solicitou ao STF um habeas corpus preventivo. À época, Fux concedeu liminar (decisão provisória), que ele mesmo revogou agora.