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Será que o comércio local está olhando para o cliente e resolvendo os problemas dele, ou está criando mais problemas?

Graciela Pelegrini | Você já percebeu, que muitas vezes as pessoas deixam de comprar do comércio local, para comprar de um completo desconhecido pela internet? Se você é proprietário de alguma empresa, e está lendo isso, possivelmente já deve ter questionado o porquê do seu cliente te "trocar" pela internet. Dentre as opções, aposto que você elencou: preço, atendimento, facilidade na hora da compra, maior variedade de produtos, dentre outros. São inúmeros os motivos que levam as pessoas a "trocar" um mercado, não é mesmo?

Agora eu te pergunto: o que o comércio local está fazendo para se manter competitivo? O que ele tem feito para se diferenciar, ou simplesmente se manter no mercado?

E vou começar a falar sobre esse assunto com uma história que aconteceu comigo. Dias atrás eu fui em uma loja na minha cidade. Afinal, eu queria um determinado produto, na hora; e entendo a importância da economia local etc.

A cidade na qual moro não é grande, mas é maior que 5.433 outras cidades, ou seja, maior que 97% das cidades brasileiras. E sabe com o que eu me deparei? Com uma atendente que me disse:

- A gente não aceita PIX, nem cartão, só dinheiro!

- Oi? Em pleno 2022? Perguntei.

- Mas moça, eu não tenho dinheiro em espécie, faz muito tempo que não pego em dinheiro. Tentei explicar.

- Ah, mas é que o sistema não aceita. Frisou ela.

Ok, talvez eu até entenda, a atendente não tinha culpa, ela era só uma funcionária. Mas daí eu sugeri fazer um PIX para ela, e não para o sistema; sei lá, eu só queria comprar, pagar e sair com o meu produto. Mas a resposta mais uma vez foi:

- Não, somente dinheiro. Enfatizou.

Resumindo, ela não queria resolver meu problema!

Óbvio, que saí de lá dizendo que eu iria sacar e retornaria; mas é claro que eu jamais colocaria os pés novamente naquele lugar. Nesse momento eu fui para onde? Para a internet, comprar do concorrente afinal, esperar três dias pela entrega era menos frustrante do que ir até uma loja e não conseguir comprar o produto por um motivo tão simples.

Vamos aos fatos. Eu posso até ser ‘a louca da inovação’, querer que todas as empresas estejam no Metaverso, NFT, Blockchain, e aceitem Criptomoedas como forma de pagamento, e coisa e tal. Mas nesse caso em questão, eu só queria pagar com PIX. Um simples PIX resolveria meu problema, ajudaria o comércio e todo mundo ficaria feliz.

O fato é que, por muito tempo, algumas empresas eram únicas na cidade, principalmente em cidades menores. Essas empresas acreditam que por não ter concorrentes locais não precisam se diferenciar no mercado pois, se sua empresa é única, ou uma das únicas da cidade, o cliente não pode simplesmente deixar de usar seus serviços. Afinal, deixar de frequentar o restaurante X, simplesmente, significa não ter uma segunda opção. Deixar de ir no mercado Y - praticamente é igual a nunca mais comer.

Brincadeiras à parte. O grande problema é que muitos empreendedores/empresários, em especial de cidade pequena, acham que não precisam se diferenciar porque são os únicos. Acontece que o mundo mudou, e as pessoas não precisam ficar presas ao comércio local. Se seu cliente pode comprar na internet, e você não prestar atenção no concorrente de fora, há grandes chances de você ficar sem seu cliente.

Com a pandemia, o processo acelerou ainda mais, e hoje não são só produtos que podem ser adquiridos pela internet, mas também alguns serviços, como é o caso da telemedicina, advocacia, uma escola de idiomas etc. Não é mais possível olhar apenas para o concorrente da sua cidade. Independentemente do tamanho de uma empresa, se ela quer se manter no mercado, ela precisa se diferenciar.

Para finalizar, eu respondo a pergunta do porquê, o cliente deixou de comprar do comércio local, com outra pergunta. Será que o comércio local está fazendo o básico? Será que o comércio local está olhando para o cliente e resolvendo os problemas dele, ou está criando mais problemas?

Encerro com uma frase que escutei, me apaixonei e pode ser usada como um verdadeiro mantra para toda e qualquer empresa: "Não adianta querer entregar a cereja do bolo se você não fizer o bolo bem feito"; ou seja, comece a se diferenciar fazendo o mínimo, o básico bem feito, isso já é um grande passa rumo a vitória contra a concorrência.