Em SP, manifestantes defendem Moro com Latino e Regina Duarte

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Se nos protestos do mês passado a tônica era a defesa do governo Jair Bolsonaro e da reforma da Previdência, neste domingo (30) os manifestantes saíram em defesa do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Há um mês o ex-juiz da Lava Jato é alvo de dúvidas sobre sua imparcialidade desde que o site The Intercept divulgou suposta troca de mensagens entre ele e procuradores da República. 

Moro aparece nos diálogos orientando procuradores em processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Um grande boneco inflável com a imagem de Moro foi instalado junto a um caminhão de som. Faixas e camisetas estampavam a fase "In Moro we trust", na tradução do inglês "em Moro nós acreditamos".  Assim como nos protestos do mês passado, a maior aglomeração acontece nos arredores do MASP (Museu de Arte de São Paulo) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A maior concentração aconteceu no caminhão do movimento Nas Ruas. Nele, personalidades como a atriz Regina Duarte e o cantor Latino discursaram.

O cantor Latino afirmou que "o Brasil está de saco cheio de bundalelê", em referência a um de seus principais hits, "Festa no Apê". Ele arriscou uma versão de "Me Leva", com "Oh, Baby, me leva, me leva pro futuro, me leva, pro Brasil que eu sempre quis".

A atriz Regina Duarte pediu união. "A eleição passou. Quem perdeu, perdeu, quem ganhou, ganhou. Agora somos um povo só", disse ela, e pediu a aprovação da reforma da Previdência. O apresentador Otávio Mesquita discursou contra o ex-presidente Lula e a favor do ministro Sergio Moro.

O movimento Direita São Paulo levou ao palco um sambista que repetia uma canção que defende que Moro seja tratado como uma santidade. "Eeeee que beleza, ele é mais santo que Madre Tereza /Acredite se quiser, ele é mais honesto que Chico Xavier", dizia o refrão. 

O carro de som do MBL (Movimento Brasil Livre), que foi um dos protagonistas do impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff, atraiu menos gente do que nos últimos protestos.

O MBL não apoiou o último protesto, no mês passado. Pessoas que passavam perto do carro de som gritavam "traidores". 

Na lateral do parque Trianon, na Peixoto Gomide, moradores de rua reclamavam da altura do carro de som. Para Rodolfo Cristiano, 10 de seus 47 anos na rua, "se estão insatisfeitos, têm que protestar, mesmo. Mas olha quanta gente aqui. Pouca gente ajuda", diz ele.

Seu colega, Jonas Bartolomeu, 33, diz que entende a manifestação. "Mas eu sou mais o Lula", diz, afirmando que hoje não acha emprego em lugar nenhum. Jonas aproveitou a multidão para catar latinhas de alumínio, de cerveja e refrigerante. "Tem que fazer o seu", resume.

Imprensa no alvo

Os manifestantes definiram como um de seus alvos a imprensa, especialmente o site "The Intercept Brasil". "Esses diálogos são falsos na sua origem. Quem está divulgando são canalhas que querem atemorizar os juízes, os promotores, os que querem acabar com essa rede de corrupção", discursou o jurista Modesto Carvalhosa, de cima do carro de som do Vem Pra Rua.

O empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, criticou o fato de diversos veículos, entre eles a Folha de S.Paulo, terem entrevistado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Como pode um preso em Curitiba ser tratado como um pop star?", perguntou, do alto do carro de som do grupo Nas Ruas.

Também há críticas ao Congresso e ao STF. Manifestantes exibem cartazes com os nomes dos senadores que votaram a favor do projeto que institui penas por abuso de autoridade.

Do alto de um carro de som, outro puxou um coro de "Rodrigo Maia, presta atenção, nós queremos a reforma de 1 trilhão", em referência à reforma da Previdência.