Embaixadora do Brasil abandona debate da ONU após bate-boca com Jean Wyllys
Reprodução/Twitter @JamilChade.
Nesta sexta-feira (15), a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu um debate sobre o crescimento do populismo no mundo. Entre os convidados, estavam o ex-deputado do PSOL, Jean Wyllys, e a embaixadora do Brasil, Maria Nazareth Farani Azevedo.
A embaixadora tentou intervir na fala de diversos convidados, até que a moderação do debate lhe deu a voz. Em seu discurso, Nazareth defendeu o presidente Jair Bolsonaro e criticou Jean Wyllys, por "abandonar" o mandato.
"Bolsonaro não abandonou o Brasil, mesmo depois de ter levado uma tentativa real de tirar sua vida", alfinetou. "[Bolsonaro] não é um criminoso e seu governo não é uma organização criminosa".
A embaixadora foi adiante nas críticas ao ativista e na defesa do presidente, afirmando que "não é racista, fascista ou autoritário". Em referência ao episódio em que Jean Wyllys cuspiu em Jair Bolsonaro, após o então deputado homenagear o Coronel Ustra durante seu voto de impeachment, ela disse: "Ele [Bolsonaro] não cuspiu na cara da democracia".
Wyllys, que deixou o país após receber ameaças contínuas porém continua atuando como ativista, mencionou em sua fala uma suposta relação entre o crime organizado e o governo brasileiro atual, de Jair Bolsonaro.
"Novos autoritarismos, como o do Brasil, continuam elegendo inimigos internos da nação por meio da difamação e constituindo grupos para culpá-los pelos problemas econômicos", apontou o ex-deputado. Ele continuou, "A diferença é que agora estão articulados com as novas tecnologias da informação. Articulam com organizações criminosas que se infiltram no estado, e tem um fundo religioso e moralista muito mais acentuado".
A embaixadora se recusou a ouvir a fala de Jean Wyllys, se levantando para deixar o debate assim que concluiu seu próprio discurso. Ela foi questionada por membros estrangeiros do debate pela atitude, e pelo próprio ativista.
"Se a senhora quisesse um debate, ouviria minha resposta", argumentou. Novamente interrompendo Wyllys, Nazareth afirmou que "a presença [dele] envergonha o Brasil".
O colunista Jamil Chade, que narrou o incidente em seu blog na UOL, afirmou no Twitter que, "em 20 anos cobrindo a ONU, jamais viu o Brasil protagoniar uma cena tão triste". Ele também afirma que o Itamaraty, nome dado para o Ministério de Relações Exteriores, está contaminado por um "vírus perigoso: o da intolerância".
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