Escravos por opção
Imagem ilustrativa.
MÔNICA BASTOS | A maioria de nós conhece a história do Brasil. Sabemos que houve um tempo em que os negros eram literalmente escravizados pelos brancos e consequentemente sonhavam com o dia em que pudessem ser livres. O dia chegou. No entanto, muitos deles não sabiam lidar com a nova situação ao qual estavam sendo submetidos. Sabiam ser escravos, mas não sabiam ser livres.
Hoje, vivemos em um país onde a liberdade é um direito; no entanto, assim como os negros que no passado viviam nas senzalas, muitos de nós não conseguem entender o significado da palavra liberdade. Acreditam ser livres, mas se comportam como se escravos fossem. São diariamente submetidos a padrões impostos por uma sociedade fútil e capitalista.
O nosso cotidiano é cercado por pessoas que buscam o pertencimento, ou seja, indivíduos que não pensam em si mesmos como pessoas livres para fazer as suas escolhas e conviver emocionalmente tranquilo com cada uma delas, visto que o objetivo é fazer parte de determinado grupo e, para isso, abre mão de si mesmo, da sua essência e princípios com o intuito de se encaixar.
As pessoas preocupam a todo o tempo em serem aprovadas. Vivem de aparências, pois o importante aqui não é quem você é, mas quem você precisa tornar-se a fim de não ser criticado ou excluído. E nessa busca desenfreada por agradar o próximo, cada um vai deixando para trás um pouco de si mesmo. Não importa quem somos, o que pensamos e aonde queremos chegar. O importante é seguir o fluxo.
Depois de tanta luta em prol da liberdade dos negros, hoje muitos brancos e negros, mesmo sendo livres, decidiram a todo custo se acorrentar a um padrão egoísta de uma sociedade mascarada que dita a maneira como devemos nos comportar. Uma sociedade que define o que devemos comer, vestir, qual o peso ideal etc.
A liberdade está na mente de cada um. Ser livre é uma escolha, é ter a capacidade de ser você mesmo, sem se incomodar com os olhares de reprovação daqueles que, por medo, ou quaisquer outros motivos, mesmo tendo nas mãos as chaves da senzala, decidiram trancar-se, jogar a chave fora e acorrentados seguem aos padrões estabelecidos por uma sociedade egocêntrica, incongruente e hipócrita. São os chamados “Escravos” por opção.
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