Grupos de mídia debatem desafios, democracia e liberdade de imprensa
O ministro do STF Celso de Mello foi homenageado durante o envento, mas enviou um vídeo, pois não pode comparecer por problemas de saúde - Vladimir Platonow - Agência Brasil
A democracia e a liberdade de imprensa são dois valores indissociáveis, que andam juntos e precisam ser garantidos. A tese foi defendida pelos participantes da conferência Digital Media 2019, que foi aberta nesta segunda-feira (11) e segue até quarta-feira (13), no Rio de Janeiro. O evento reúne representantes de empresas de comunicação de diversos países, principalmente de mídia impressa, organizado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e pela Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA).
“O principal perigo que a imprensa mundial está correndo é a viabilidade econômica, sem a qual não há independência jornalística. Também há um ataque aos meios de comunicação, por parte de líderes populistas, tentando nos desprestigiar. Estamos no meio desta tempestade perfeita: por um lado temos que encontrar um modelo de viabilidade econômica que assegure nossa independência e, por outro, sobreviver ao fogo amigo das próprias lideranças políticas, que deveriam estar protegendo os meios de comunicação, como garantia da democracia, mas, no entanto, nos atacam”, disse Fernando de Yarza López-Madrazo, presidente da WAN-IFRA e diretor do jornal Heraldo de Aragón, periódico com 125 anos de existência da cidade espanhola de Zaragoza.
O presidente da ANJ, jornalista Marcelo Rech, destacou, durante seu discurso, que há uma onda de ataques à imprensa em diversos países, incluindo em grandes democracias, como os Estados Unidos, do presidente Donald Trump.
“Os ataques e as tentativas de silenciar o jornalismo profissional que testemunhamos hoje à nossa volta e que assustam pela sua virulência, não são uma criação brasileira. O que testemunhamos no nosso cotidiano é um modelo copiado de outros regimes com viés autocrático e populista”, disse Rech, citando países como Venezuela, Argentina, Filipinas, Turquia, Rússia e os Estados Unidos.
São esperados cerca de 350 executivos, de 80 empresas de mídia, de 22 países da América Latina e do mundo na conferência. Entre os assuntos, serão debatidos paywalls, modelos de assinaturas e receita, análises de audiências, diversificação da receita, conteúdo patrocinado, novas narrativas digitais, estratégias de captação de audiências e distribuição de conteúdo em plataformas.
Homenageado
A defesa liberdade de imprensa também foi ressaltada pelo diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira. O escolhido neste ano para receber o prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa foi o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Neste momento em que, no Brasil e também fora, somos atacados em relação ao exercício da atividade jornalística, Celso de Mello sempre teve um posicionamento muito firme na defesa da liberdade de imprensa como fundamento da democracia do estado de direito. Uma democracia forte precisa ter uma imprensa forte. São como irmãs siamesas, uma não vive sem a outra. Não há como se falar em democracia sem liberdade de imprensa e esta só existe em uma democracia”, disse Pedreira.
O ministro Celso de Mello não pode comparecer ao evento por motivo de saúde, mas enviou um vídeo em agradecimento.
Informações sobre a conferência podem ser acessadas na página da ANJ na internet.
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