Milícia cria bairro em Irajá e cola selo de "contribuinte" em casas
Adesivos de um grupo de seguranças nas vias de Irajá, como a Rua Vereador Alexandre Soares Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo.
RIO — Aos olhos do poder público, a São Leonardo faz parte de um grupo de ruas que fica na divisa entre Irajá e Vista Alegre, na Zona Norte do Rio. Na prática, no entanto, o conjunto de vias, predominantemente residenciais, forma o Bairro do Sacil , que não está no mapa da cidade: é um território dominado por uma milícia . Enquanto a polícia investiga o avanço de grupos paramilitares para o subúrbio, depois de terem conquistado grande parte da Zona Oeste, o Sacil chama a atenção porque os muros e portões de suas casas ganharam recentemente um selo, para identificar os moradores que são “contribuintes”.
O Sacil, delimitado por várias cancelas que fecham ruas da área, tem guaritas e vigilantes. Nelas, há placas com o aviso “bairro seguro”. É possível constatar que nem todas as residências estão com os adesivos que indicam uma “contribuição” de pelo menos R$ 20 por mês. Os poucos moradores que aceitam falar sobre o assunto demonstram medo. Segundo eles, os homens que cuidam da segurança circulam uniformizados. Nenhum anda ostensivamente armado.
Adesivos de um grupo se seguranças na Rua Santo Agripino, em Irajá Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo.
“Não queria pagar a tal contribuição, mas acabei me rendendo. Todo mundo paga, e eles passaram a colocar os adesivos nas casas. Achei melhor não ser a única diferente por aqui ”, moradora sobre pagamento à milícia.
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