Moro ameaça pedir demissão após Bolsonaro tentar impor troca no comando da PF

O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, avisou que entregará o cargo caso o presidente Jair Bolsonaro tente impor um novo nome para comandar a Polícia Federal, atualmente ocupada pelo delegado Maurício Valeixo. Isso teria ocorrido após Bolsonaro comunicar Moro de que mudaria a chefia da PF, nesta quinta-feira (23). O portal Crusoé chegou a cravar que o ministro tinha pedido demissão, mas a assessoria de Moro informou à Gazeta do Povo que o ex-juiz da Lava Jato não confirmava essa informação.

Bolsonaro disse a Moro que a troca na PF deve ocorrer nos próximos dias. Valeixo e o ex-juiz trabalharam juntos na Operação Lava Jato. Após o ministro dizer que sairia do cargo, Bolsonaro estaria tentando reverter a situação, segundo o jornal O Estado de São Paulo. Ministros da ala militar entraram em cena e também tentam apaziguar os ânimos.

Valeixo foi uma indicação de Moro, que tem no delegado um amigo pessoal. O diretor-geral da PF teria dito ao ministro que deseja deixar o cargo. Nesse caso, Moro não abre mão de indicar um novo nome para o cargo, por isso, o embate com Bolsonaro.

Em agosto de 2019, o presidente já havia ameaçado trocar o comando da Polícia Federal. A definição da chefia da PF é uma atribuição do presidente, mas tradicionalmente a escolha é feita pelo ministro da Justiça.

O caso ganhou proporções maiores quando o presidente tentou interferir no comando da superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Bolsonaro anunciou a exoneração de Ricardo Saadi do cargo, dizendo que a saída dele seria por motivos de produtividade.

O presidente ainda tentou emplacar o nome de Alexandre Silva Saraiva, superintendente da PF no Amazonas, para o cargo. À época, a PF — subordinada a Moro — reagiu negativamente. Em meio ao atrito, Bolsonaro chegou a dizer que, se não podia trocar o superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o diretor-geral da PF.

Gazeta do Povo