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GRACIELA PELEGRINI | Vivemos em uma era em que se busca incessantemente viver mais e melhor. O avanço de tecnologias e da ciência tem sido apontado como fatores responsáveis pelo sucesso dessa busca. O aumento da expectativa de vida e, por consequência, o envelhecimento da população, obtém êxito na medida que cresce a prevenção de doenças, bem como com o surgimento de novos medicamentos para tratar as já existentes.

Em 1985, a pirâmide demográfica brasileira apareceu pela última vez como formato ‘egípcio’. Esse também foi o ano que marcou o início do aumento da idade média da população, que passou de 21,4 anos para 33,5 em 2020, apresentando um crescente processo de envelhecimento.

Antigamente, uma pessoa com 50 anos era considerada uma pessoa ‘obsoleta’ sem muita expectativa de vida. Hoje, há quem, ao meu ver, ‘sabiamente’ fala que os 50 de hoje são os 30 de antigamente. Alguns anos atrás, era comum ver mulheres de 25/30 anos com a prole de filhos completa. Hoje, nos deparamos cada vez mais com mulheres na casa dos 40 anos estreando na maternidade. Afinal, prioriza-se cada vez mais o profissional e a carreira.

No passado, as pessoas se alimentavam com um único intuito: não morrer de fome. Hoje, as pessoas buscam alimentos cada vez mais saudáveis para viver mais e melhor. Atividade física é elemento importante do dia a dia de grande parte da população; o cuidado com a saúde e não apenas com a doença foi algo que, nos últimos anos, ganhou notória importância entre todas as idades.

Com tudo isso, o aumento da expectativa de vida vem acompanhado de um aumento do número de anos vividos com boa capacidade funcional. Afinal, não basta ser um centenário, é necessário ser um centenário ativo, com qualidade. Um estudo da Faculdade de Ciências do Esporte e da Saúde, de uma Universidade da Finlândia, aponta que a capacidade funcional de pessoas de 75 a 80 anos é melhor hoje do que quando comparada com a de idosos com a mesma idade há três décadas. Ou seja: os idosos estão ficando mais ‘jovens’.

Mas, o que isso tem a ver com o mercado consumidor? Com pode impactar a vida das pessoas? E, por que eu preciso me atentar a isso?

Primeiro, é importante saber que essa geração de ‘novos idosos’, ou seja, os idosos modernos, são pessoas conectadas; claro, não há que se falar em comparar com os nativos digitais, mas é comum encontrarmos nossas tias, avós, e outros parentes de mais idade nas redes sociais. Para eles, assim como para os jovens, celular já não serve apenas para fazer ligação, pelo contrário! Depois que eles dominaram o whatsapp, os grupos de família nunca mais foram os mesmos.

Claro, não sejamos hipócritas de achar que os idosos dominam todo e qualquer aplicativo com maestria e sem dificuldades. O que quero mostrar através deste texto, é que temos um nicho muito grande de idosos conectados que sabem apenas mexer o básico no celular, e as big techs já estão atentas a isso. Um bom exemplo foi o que o Uber fez, ao possibilitar pedir um uber pelo telefone. A iniciativa está sendo testada no Arizona, nos Estados Unidos, e pode ser expandida para outros locais. Logo, se você trabalha de alguma forma com esse público, atente-se a conectá-los de modo simples e funcional.

Outro ponto a destacar, é que o mercado destinado à terceira idade só cresce. Antigamente, asilo era termo que gerava certa repulsa; hoje, é comum encontrar resorts da terceira idade, verdadeiros clubes para os ‘velhinhos’ se hospedarem. Creches para idosos, academias de treinamento para cérebro, academias de ginásticas exclusivas para idosos, entre outros negócios, surgiram com a ‘chegada’ desse nicho.

O aumento da idade da população impactou também nas profissões. Cuidadores e acompanhantes de idosos são profissionais cada vez mais requisitados. Sem falar em empresas que estão contratando ‘aposentados’ para reassumir postos de trabalho que exigem certa experiência.

Fato é que, atualmente, existe um mercado muito aquecido destinado a esse público, e quando não diretamente a eles, qualquer coisa relacionada ao aumento da expectativa e qualidade de vida das pessoas está em alta. Para quem deseja empreender ou inovar, essa é uma fatia do mercado que merece muita atenção, não só porque cresce ano após ano, mas também pelo o fato de que a população está reduzindo o número de filhos; ou seja, cada vez mais os idosos precisam ser independentes e autônomos. Ademais, a pandemia fez crescer a consciência de alguns cuidados com a saúde.