Nova técnica trata nódulos de tireoide sem deixar cicatriz
Da diretoria de Comunicação da UERJ.
“No dia seguinte, eu já fui trabalhar”, diz Márcia, que ficou satisfeita com o resultado
Em iniciativa inédita na América Latina, pacientes do SUS tiveram acesso a novo tratamento por radiofrequência para tratar nódulos de tireoide, procedimento minimamente invasivo que preserva a glândula. Os procedimentos aconteceram no início de maio, durante curso para cirurgiões da área da cabeça e pescoço, no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), ministrado pelo cirurgião Leonardo Rangel, com a participação do médico paulista Erivelto Volpi. Os dois trouxeram a técnica ao Brasil.
Hoje, a Ablação por Radiofrequência é feita com sucesso no país, com uma diminuição do tamanho dos nódulos em 80% dos casos. A nova técnica acaba de receber código no rol de procedimentos da Associação Médica Brasileira (AMB), prerrogativa para entrar na Agência Nacional de Saúde Suplementar e, assim, ser oferecida à população por meio do SUS e de planos de saúde.
Estima-se que quase 60% da população brasileira, cerca de 52 milhões de pessoas, podem desenvolver nódulos tireoidianos na faixa dos 50 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). A grande maioria demora a perceber que o aparecimento de um nódulo pode ser a causa de queda de cabelo, tosse persistente, problemas na fala, na mastigação, hipo ou hipertireoidismo – que causam alteração de peso – e até dificuldades na respiração. O aumento da glândula, localizada no pescoço, também é um dos principais sinais e a apalpação pode ajudar a detectar mais rápido o problema. A tireoide regula a função de órgãos importantes como coração, o fígado, o cérebro e os rins. Ela produz hormônios T3 (triiodotironina) e T4 ( tiroxina).
O risco de a lesão ser câncer depende do seu tamanho, características e da presença de gânglios cervicais. Em 90% dos casos, os nódulos são considerados benignos. Apenas 10% são diagnosticados malignos. No entanto, mesmo descartada a hipótese de câncer, os nódulos benignos ainda geram desconforto, especialmente em mulheres, que buscam uma opção porque não querem a cicatriz, nem tomar reposição hormonal o resto da vida.
Tratamento sem cicatriz
A Ablação por Radiofrequência é capaz de eliminar o nódulo sem deixar qualquer marca. O procedimento é feito com a introdução de uma agulha fina no nódulo, guiada por ultrassonografia e que age por meio de ondas de calor. A prática evita cortes no pescoço e reduz consideravelmente o tamanho do nódulo, resultado visto já nos primeiros meses após a sessão. Além disso, preserva as funções hormonais da glândula e evita eventuais doenças.
“Ela permite que você trate o nódulo sem retirar tecido tireoidiano, então isso virtualmente impede que a pessoa tenha hipotireoidismo. Você trata um problema, sem criar outro”, esclarece o médico e pesquisador da UERJ Leonardo Rangel. “Essa é uma tendência mundial, já que não há necessidade de internamento, o paciente faz e vai embora no mesmo dia, a recuperação é mais rápida”, afirma o cirurgião.
Uma das pacientes, a jornalista Márcia Alves tratou nódulo benigno por meio da ablação por radiofrequência. Ela conta que chegou a ouvir até que seria necessário retirar sua tireoide, algo que não queria. Mas quando soube do novo método por ablação tudo mudou: “Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido”, celebra. O procedimento contou com apenas “dois furinhos na garganta” e surpreendeu: “No dia seguinte, eu já fui trabalhar”, diz Márcia, que ficou satisfeita com o resultado.
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