O mapa mudou, mas dá para seguir em frente

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'Dá para seguir em frente, com leveza, mesmo que o mapa tenha mudado. E dá, sim, para ficar em paz com isso'
MÔNICA BASTOS | Gosto de pensar que refletir sobre a vida deveria ser um exercício diário. É na observação dos nossos passos, das decisões, das relações que cultivamos ou negligenciamos que conseguimos crescer, amadurecer e evoluir.
Mas a verdade é que nem todos fazem isso. A maioria prefere esperar o fim do ano, uma perda, um rompimento. Espera-se um ponto de virada para olhar para trás e fazer um balanço. É nesse momento, muitas vezes tardio, que a vida se revela sem filtros.
Há os que enxergam sua trajetória com orgulho. Caminharam por desertos, enfrentaram tempestades, mas seguiram. E, apesar das cicatrizes, descobriram que estão mais perto dos sonhos que um dia nutriram. Essas pessoas, mesmo cansadas, sentem que valeu a pena, e isso é uma bênção.
Mas também há aqueles que, ao olhar para a própria história, vivenciam o peso das escolhas mal feitas, dos caminhos que não levaram a lugar algum, dos amores que se perderam por distração. E sim, isso também é humano. Dói, mas faz parte do processo de existir.
Quando nos encontramos nesse lugar de frustração, não basta apenas refletir. É preciso mergulhar numa análise mais profunda da vida. O que me trouxe até aqui? O que preciso mudar agora?
Discursos motivacionais têm seu valor. Podem servir de consolo, de abrigo temporário diante das adversidades, e isso é válido. Mas é preciso cuidado, para que esse conforto não se transforme em estagnação.
Não podemos nos acomodar no “está tudo bem seguir assim”, esquecendo que, para avançar, é preciso mais do que intenção. É preciso fé em Deus, decisão, atitude, coragem e disposição para a mudança.
A vida exige um despertar real para onde estamos. Muitas vezes, já não temos mais o luxo de esperar o momento perfeito. O bonde já está andando. Não adianta chorar o leite derramado.
Lamentar o passado é desperdiçar o presente. É preciso reconhecer que o tempo é finito. Que mesmo em meio ao caos, podemos plantar sementes de um futuro mais alinhado com aquilo que queremos colher.
É preciso vigilância para não repetir os mesmos erros. Caminhos trilhados com os mesmos passos nos levam sempre aos mesmos lugares.
Não basta querer algo diferente. É necessário agir diferente.
Talvez o que mais nos assuste não seja perceber os erros, mas notar que estivemos ausentes da nossa própria história.
Mas, a boa notícia? Ainda dá tempo de voltar, de recomeçar com verdade e intenção. De aceitar que talvez a vida não tenha saído como você imaginou lá no início. Os caminhos mudam. Tomamos desvios, fizemos pausas, escolhemos atalhos ou trilhas mais longas. Nem sempre o destino final será aquele que sonhamos com tanta nitidez anos atrás.
Isso não significa fracasso. Significa que você cresceu. Que a vida, com suas curvas, te moldou. E é possível traçar novas rotas, mesmo em meio aos desvios.
Dá para seguir em frente, com leveza, mesmo que o mapa tenha mudado. E dá, sim, para ficar em paz com isso.
Um comentário
Liliane Franca
14 de Julho de 2025 às 12:18Como sempre, arrasou! Reflexão maravilhosa. Trilhar novos caminhos sem medo. A vida é agora! Prima, muito feliz com o seu sucesso!