O que vem depois?

Imagem ilustrativa.
"Você não precisa saber todas as respostas. Apenas não deixe de dar o próximo passo..."
MÔNICA BASTOS | A vida tem uma maneira incomum de virar a página sem nos consultar. Às vezes, tudo está calmo, sob controle, até que algo inesperado, como uma perda, uma notícia, uma falha, uma mudança brusca, nos arranca do eixo. É como se, de repente, estivéssemos em um território estranho, com mapas antigos que já não servem mais. E ficamos ali, parados, com a pergunta: o que vem depois?
Nem sempre temos a resposta. O impacto de um desvio inesperado pode ser tão profundo que, por um tempo, tudo o que conseguimos fazer é tentar entender o que aconteceu. Queremos que a vida volte a caber nas molduras antigas, mas o que foi rompido nem sempre retorna ao seu estado anterior.
Dificuldades inesperadas fazem parte do percurso humano. Mas, embora não possamos controlar quando ou como essas tempestades chegam, podemos escolher como enfrentá-las.
A primeira reação costuma ser resistir. Tentamos entender, voltar atrás, refazer os passos, encontrar explicações que nos devolvam a sensação de controle. Mas talvez o primeiro seja reconhecer que algo aconteceu e nos afetou. Antes de qualquer resposta, precisamos permitir que o impacto seja sentido. Não como uma forma de vitimização. Fingir que nada mudou não nos fortalece, apenas prolonga o caminho até a recuperação.
O segundo passo é a aceitação. Não uma aceitação passiva, que se rende, que desiste de lutar, mas uma aceitação ativa, que reconheça que o que aconteceu está fora do nosso controle e que, mesmo assim, ainda há escolhas possíveis. Aceitar é parar de lutar contra o que já foi e começar a decidir o que vem agora.
Talvez os planos antigos precisem ser deixados para trás, não porque falhamos, mas porque a realidade mudou. E é nesse momento que surge o convite para recomeçar. Reorganizar os passos, sonhar de outro jeito, manter os valores que importam, mesmo quando tudo ao redor parece novo.
Em meio às perdas, é imprescindível lembrar do que temos: pessoas, valores, capacidades, amor, fé. Esses são os pilares que sustentam nossa travessia. Mesmo quando tudo parece instável, há sempre algo que permanece.
Nesse processo, pedir ajuda pode ser decisivo. Apesar do orgulho ou do medo de parecer frágil, reconhecer que não conseguimos carregar tudo sozinhos é um gesto de maturidade. O apoio de alguém, um amigo, um profissional, um grupo, uma fé, pode ser o fio que nos puxa de volta à superfície quando tudo parece pesado demais. Não precisamos atravessar o deserto sozinhos.
E afinal, o que vem depois?
Vem o recomeço, mesmo que tímido. Vem o primeiro passo, mesmo sem saber onde vai dar. Vem a reconstrução de dentro para fora. Vem a vida, não como era, mas como pode ser. E isso pode ser, sim, muito bonito.
Então, se hoje você se pergunta o que vem depois, saiba: você não precisa saber todas as respostas. Apenas não deixe de dar o próximo passo.
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