Obrigado, Temer
Imagem: gauchazh.
“Poderíamos estar mortos noutra cena”
GUILHERME LAPA | Alexandre de Moraes ingressou no Supremo Tribunal Federal por decisão do ex-presidente Michel Temer, em 2017, quando também estava ‘cotado’ o jurista Ives Gandra Martins Filho.
No STF, Alexandre de Moraes é o mais famoso dos ministros pelas posições que costuma adotar, sendo a sua coragem reconhecida até mesmo pelos que não gostam dele. Graças a essa atuação, conseguiu-se frear o ímpeto do ex-presidente Bolsonaro, que acreditava que o seu poder estava acima dos demais e que ele podia agir da maneira que bem entendesse.
Ele [Bolsonaro] viu da pior maneira que as coisas não são bem assim. Na pandemia, por exemplo, o ex-presidente tentou excluir a competência de estados e municípios na imposição de medidas sanitárias para o enfrentamento da covid. Foi necessário o STF dizer que ele estava errado, tomando como base a posição de Alexandre de Moraes.
E se não fosse assim, o que seria da população? Já pensou se somente Bolsonaro tivesse o poder de estabelecer medidas preventivas durante a pandemia? Logo ele que sempre se posicionou contra à vacina, ao isolamento social, e ao uso de máscaras! Seria um desastre. Ainda bem que foi impedido.
Mas, devemos nos indagar, se no lugar de Alexandre de Moraes tivesse sido indicado Ives Gandra Martins Filho, que consequências poderiam ter nos acontecido? Imagino que muitas decisões acertadas do STF na pandemia não teriam acontecido e Bolsonaro teria se perpetuado no poder.
Digo isso porque foi Ives Gandra Martins Filho, o mentor intelectual, junto com o seu pai, da ideia de que as forças armadas poderiam atuar como um poder moderador em caso de crise entre os Poderes, fazendo uma interpretação casuística da Constituição, que resultou, dentre outras coisas, no ataque promovido por milhares de bolsonaristas à sede dos Três Poderes da República, no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Sem dúvidas, o maior ataque já visto à democracia brasileira.
Ora, se Ives Gandra Martins Filho acredita na ideia absurda de um golpe de estado amparado na Constituição, o que diria em relação à tentativa do ex-presidente de monopolizar as ações na pandemia, entregando a ele o poder absoluto de estabelecer ou não quais medidas a serem adotadas? Seria um verdadeiro caos.
Ainda bem que o indicado foi Alexandre de Moraes. Sem ele no Supremo Tribunal Federal, e com Ives Gandra Martins Filho, “poderíamos estar mortos noutra cena”.
Obrigado, Temer!
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