Onça-pintada é resgatada após passar 22 dias presa em caverna na caatinga
Foto: Divulgação/Programa Amigos da Onça.
Uma onça-pintada foi resgatada em maio após passar 22 dias aprisionada dentro de uma caverna na região de Sento Sé, na caatinga do norte da Bahia. A informação foi divulgada na manhã deste sábado (8) pelo programa Amigos da Onça, da organização Pró-Carnívoros.
A onça-pintada é considerada o maior felino das Américas e está criticamente ameaçada de extinção na caatinga. Por isso, o resgate do animal foi considerado prioridade para aqueles que trabalham na conservação da espécie.
A ação contou até com rapel. De acordo com o programa Amigos da Onça, o resgate durou três dias e teve a ajuda de bombeiros, veterinários, ajudantes de campo, biólogos e espeleólogo (especialista em cavernas).
De acordo com a coordenadora do programa, a bióloga Claudia Campos, moradores relataram que a onça levou uma ovelha morta para a caverna. Ela caiu em uma dolina, que é uma abertura que se forma no solo quando o teto de uma caverna desaba.
Para manter a onça lá dentro, os moradores colocaram pedras sobre a abertura, mas não havia a confirmação sobre se o espaço tinha outras saídas que poderiam ter sido usadas pelo animal.
Conservação da espécie x conflitos na região
A região onde a onça ficou presa fica perto de uma área de proteção ambiental onde há pouco mais de um ano foi criado um parque nacional para preservar a espécie. Estima-se que existam apenas 30 onças-pintadas no local. Em toda a caatinga, a estimativa chega a 250 animais.
No entanto, as comunidades que vivem no entorno enfrentam conflitos entre a preservação e as atividades econômicas tradicionais.
O costume local é criar rebanhos soltos, para que os animais busquem alimento sozinho na caatinga. Mas, quando estes animais não voltam, a população culpa as onças de atacá-los, mesmo que a cabra ou bode tenha sido roubado ou picado por cobras.
Assim, saem à caça das onças. No caso deste episódio, eles mantiveram a onça presa para que ela não saísse da caverna e ameaçasse o rebanho ou os moradores.
Quando soube do aprisionamento, Campos montou um grupo para ir ao local verificar se a onça estava mesmo aprisionada e se ainda estava viva.
"Para se ter uma ideia, foi preciso utilizar técnicas de rappel (escaladas), trabalhar à noite e todos usaram roupas de proteção individual, as mesmas que apicultores usam, por causa das abelhas das colmeias que tem na dolina", diz entidade em comunicado publicado em uma rede social.
"Tudo isso sem ter a certeza de que a onça estava lá dentro, se ainda estaria viva e se realmente era uma onça-pintada."
O resgate todo durou três dias. Ao fim, a onça foi retirada da caverna com vida e recebeu o nome de Luiza em homenagem à filha de uma integrante do programa.
O animal foi levado para o Centro de Manejo e fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale de São Francisco (Univasf).
Quando se restabelecer, ela receberá um colar de monitoramento para ser acompanhada via satélite. Outras duas onças já passam pelo mesmo monitoramento, a Rei e a Vitória.
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