Para o inepto, há sempre uma lei que resolve tudo
O Estado sempre acha que pode cuidar melhor de você do que você mesmo.
*INALDO BRITO | Nos últimos meses, iniciou-se uma campanha contra a utilização de canudos, com o objetivo de reduzir o descarte de materiais difíceis de degradarem no meio ambiente – que, nesse caso, inclui o plástico. Restaurantes, lanchonetes e demais estabelecimentos de alimentação foram convocados a aderir à cruzada. O problema é que uma ideia aparentemente sustentável, por si só, não se sustenta, caso não haja uma equiparação econômica em sua substituição.
Substituir tais materiais por outros biodegradáveis ou comestíveis pode até ser vantajoso do ponto de vista do marketing e da publicidade, entretanto o custo para tal substituição pode se transformar em um efeito cascata no preço das refeições ou produtos vendidos. Achar que substituir canudos comuns por biodegradáveis ou comestíveis não trará encarecimento algum no que é vendido é não atentar para as leis básicas da economia (custo de oportunidade, oferta e demanda etc.).
Muito se fala da conscientização da causa proposta, que todos devem pensar no futuro do planeta e que os canudos fazem mal ao meio ambiente, no entanto, pouco se fala sobre as pessoas que possuem problemas de deglutição e que necessitam de canudos para ingestão de seus alimentos. Quando se põe na cabeça uma causa, sem atentar para os efeitos colaterais que lhe advém, isso deixou de ser causa e se transformou em militância cega. E é o que acontece recorrentemente com os grupos ambientalistas.
É importante frisar que tal campanha não se restringe apenas aos canudos, mas a qualquer item descartável de plástico, sejam talheres, copos ou pratos. Campanhas por reciclagem e reutilização parecem ter desaparecido do mundo moderno. A ação mais razoável, segundo os ambientalistas, é proibir. Acham que com uma simples canetada ou imposição de uma lei, todos os problemas estarão resolvidos. Foi assim com o banimento do sal das mesas de restaurantes, com o intuito de barrar o crescimento no índice de pessoas com hipertensão. O Estado sempre acha que pode cuidar melhor de você do que você mesmo.
O estímulo para novos hábitos sempre vem com o exemplo. Se alguém gostaria que houvesse redistribuição de renda, então ele deveria começar compartilhando sua casa, seu carro e seu salário com o vizinho que não possui – para que outros possam se sentir incentivados a seguir o seu exemplo –, antes de sair por aí querendo revolucionar o mundo. Quando isso é feito na base da coerção e não do convencimento social, estamos diante de pequenos tiranos mimados. Pouco se fala sobre as indústrias de reciclagem, que conseguem fazer um trabalho estupendo com os recicláveis recolhidos. Bastaria haver uma coleta seletiva mais estimulada (sem uso da lei) e com seus resultados divulgados com mais notoriedade. Mas é difícil esperar isso de um país onde o “Pequenas Empresas, Grandes Negócios” e o “Globo Rural” passam num dia e horário em que ninguém se interessa, pois o que importa mesmo é o programa do “Faustão”.
Se uma lei, de fato, fizesse milagres, então o Brasil seria o paraíso na terra, pois o que mais se criam (quase que diariamente) são leis absurdas e anômalas. Citando Adriano Gianturco em sua palestra para o Fórum Nacional da Liberdade 2018: “O problema do Brasil não é que as leis não sejam cumpridas, mas sim a quantidade exagerada delas. Pois se todas fossem cumpridas, o país ficaria paralisado”.
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