Por que “Paramelos”?
Foto: Erasmo Deterra.
GUILHERME LAPA | Um dia desses qualquer, de muito calor em Xique-Xique, resolvi tomar um sorvete em Quincas, o melhor de toda a Bahia, sem dúvida. Eu me sentei junto a ele, compartilhamos a mesma mesa, e, de repente, me veio a ideia de perguntar sobre a origem do nome do bairro Paramelos, pois em conversa com um amigo ele me trouxe uma informação que me pareceu até convincente no momento, mas não totalmente, razão pela qual fui buscar a opinião de Quincas, pelo fato de ser morador antigo do bairro, e um dos que mais conhecem a história da nossa cidade, e também do nosso povo, principalmente dos mais longevos.
Quincas me explicou que a origem do nome Paramelos vem do tempo em que os pescadores realizavam grandes pescarias no rio São Francisco, quando ainda se utilizava redes de caroá, sendo transportados em paquetes geralmente ocupados por cinco ou seis pessoas, e tocados a remo pelas águas do Velho Chico, exclusivamente pela força dos seus braços.
Ao se aproximarem uns dos outros, com os barcos cheios de peixes, era costume a disputa para saber quem chegava primeiro na Ponta das Pedras. Essa disputa era chamada popularmente de “parêa”, que pode ser entendida como o fato de estar ao lado de alguém, pareado, e nessa competição entre os pescadores, com os paquetes ladeados, geralmente sagravam-se vencedores sempre pessoas de uma mesma família, que de tantas vitórias obtidas, passavam a zombar dos perdedores, dizendo que eles eram o mesmo que “mel”, ou seja, que eram “doces”, que era fácil ganhar deles.
Por conta disso, passaram a chamar essas pessoas de “os para mel”, uma junção de “parêa” com “mel”, a exemplo do que ficou o nome de “Júlio Para Mel”, de “Maria Para Mel”, e todos os seus descendentes, cuja família inteira passou a ser conhecida assim com essa designação, que com o passar do tempo suas palavras foram juntadas resultando na expressão “os para mel”.
Essa família residia nas proximidades da atual Escola Hermenegildo Nogueira, e em determinado momento do ano saiam para as pescarias, e ficavam lá até o rio encher, quando então suas águas tomavam tudo, impedindo a pesca, fazendo com que eles retornassem para a cidade, e os que aqui ficaram, ao saberem do retorno, avisava aos demais que os “para mel” tinham chegado, para que assim todos pudessem saber sobre a situação do rio e conferir o resultado da pescaria, se tinha sido proveitosa, ou não. Naquela época era grande a fartura de peixes.
A partir daí, a expressão antes utilizada para denominar os “para mel”, considerados imbatíveis na “parêa” de paquetes, acabou sofrendo um processo de mudança, de adaptação, creio que até para facilitar a sua pronúncia, resultando na sua forma atual, que hoje chamamos de “paramelos”, servindo para denominar o bairro onde aquela família residia, sendo essa a sua verdadeira origem, de acordo com os ensinamentos do mestre Quincas.
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