Queimadas e irregularidade nas chuvas ameaçam a Caatinga
Foco de incêndio na Vereda de Central. Foto: Edileusa Alves da Silva.
"(...) Somos uma região essencialmente agrícola que pode se transformar num deserto dentro de poucos anos, perdendo sua capacidade produtiva”
A Caatinga é considerado o único bioma essencialmente brasileiro. Isto porque, em nossa “floresta branca” há diversas espécies de plantas e animais que só são encontrados no Brasil. Há poucos dias, nossa região assistiu a um grande incêndio que devastou parte da Caatinga, na serra de Uibaí. O controle do fogo só foi possível após atuação diária de brigadistas voluntários e do Corpo de Bombeiros, que precisou utilizar aeronaves para chegar aos lugares de acesso mais difícil.
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As queimadas na Caatinga não são novidade, mas tem se tornado frequentes e mais perigosas a cada ano. A causa principal está no desmatamento que o bioma sofre desenfreadamente, fazendo com que as plantas nativas deem espaço a pastos ou a monocultura, provocando a perda de cobertura vegetal e o empobrecimento do solo.
Uma pesquisa do projeto MapBiomas constatou que nos últimos 35 anos a Caatinga perdeu cerca de 40% de sua água de origem natural. A ação humana tem grande responsabilidade nesta crise hídrica que agrava ainda mais o processo de desertificação que ameaça quase todo o semiárido brasileiro. “Poucas pessoas compreendem que o desmatamento da Caatinga está comprometendo a formação de chuvas em nossa região. Os períodos chuvosos estão cada vez mais irregulares”, aponta o coordenador do Movimento Semiárido Forte, Luiz Alberto Freire. “Pretendemos levar toda a sociedade de nosso Território a debater este tema que é de grande importância para nossa sobrevivência. Somos uma região essencialmente agrícola que pode se transformar num deserto dentro de poucos anos, perdendo sua capacidade produtiva”, alertou.
Segundo Washington Franca Rocha, coordenador da equipe de Caatinga do MapBiomas, a perda natural só não causou maiores estragos porque houve uma série de ações públicas recentes. "A gente verificou que, a partir de 2004, houve um investimento em construção de açudes, reservatórios, em infraestrutura hídrica para se armazenar água. Não tivemos uma crise hídrica mais grave por conta dessas ações", afirma.
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