“Proteger” a indústria nacional é como fazer gol contra
Imagem ilustrativa.
INALDO BRITO | Depois de anos de imbróglios nas tratativas referentes ao acordo entre Mercosul e União Europeia (especificamente 20 anos de espera), eis que os dois blocos conseguem chegar a um consenso, não sem antes haver várias imposições do lado europeu aos países sul-americanos, como preservação de áreas ambientais e observação a acordos climáticos.
Sem nenhuma surpresa, movimentos ambientalistas e grupos políticos brasileiros do espectro da esquerda já começam suas jogadas de perpetuação de fake news e difamação do acordo. Se por um lado, tais grupos caçoam, denigrem e enxovalham aqueles que são favoráveis ao livre comércio e à liberdade nas relações empresariais, por outro, eles continuam defendendo (na base do tumulto) a manutenção das condições terceiro-mundista do país, mesmo sabendo que tais políticas não possuem êxito.
O mais interessante nesses grupos é que são também eles próprios os que menos fazem algo de útil para a liberdade de escolha do indivíduo no âmbito econômico, bem como no que diz respeito à diminuição de tributos e impostos que atingem justamente aqueles que eles juram defender.
Toda pessoa que utiliza o “tico e o teco” sabe que à medida que você abre o mercado para o comércio exterior, há um barateamento na oferta de produtos e serviços, alguns a curto prazo, outros a longo prazo. Se, por ventura, empresários do país fazem lobby a fim de manter o monopólio de mercado, justificando que suas empresas poderão quebrar caso outras de fora compitam com eles, aqueles grupos políticos sabem bem como utilizar essa falácia em prol dos seus intentos de manter a população subserviente a determinados setores industriais.
Na verdade, tais grupos e lobistas pouco estão interessados de que haja competição e concorrência eficiente. Eles não se interessam em que o consumidor possa ter um número maior de escolhas acerca de onde comprar produtos ou adquirir serviços específicos. O que tais grupos querem é preservar setores ineficientes e improdutivos. Enquanto que numa economia de mercado, o empresário quebra por não se remodelar e não prestar um bom serviço, na economia social-democrata (brasileira), quem quebra é o consumidor por continuar usufruindo de empresas incompetentes, mas que é preciso mantê-las para “garantir a soberania nacional” – famoso jargão utilizado por lobistas e aqueles grupos políticos.
Projetos de leis volta e meia são propostos por políticos de mentalidade protecionista a fim de preservar os mercados nacionais em detrimento dos possíveis saltos de desenvolvimento econômico que o país poderia ter caso não houvessem tantas barreiras para o consumo livre de mercadorias e serviços. Uma das Medidas Provisórias do atual governo visa justamente dar maior liberdade para a abertura e fechamento de empresas, sem tanta burocracia para os empresários, beneficiando a sociedade como um todo.
Sem nenhuma surpresa, o PDT, que teve como aspirante à cadeira presidencial em eleição recente o político Ciro Gomes, entrou com um pedido de suspensão no STF para barrar a MP. Ora, em qualquer país que adota a economia de mercado como sistema econômico, é majoritário o pensamento de que facilitar a abertura de empresas é um dos fatores que diminui o desemprego. Não é à toa que enquanto nestes países o número de dias que se leva para regularizar uma empresa esgota-se em uma ou duas semanas, no Brasil são meses (em torno de três ou quatro, especificamente).
A mensagem que o referido partido passa é a de que se houver propostas que vão de encontro à ideologia que o partido defende, conquanto essas propostas se mostrem benéficas para diminuir o número de desempregados e dar mais flexibilidade aos indivíduos em suas relações de trabalho e na consecução dos seus sonhos, ele, o partido, tentará de todas as formas impedir que isso se concretize e que haja avanço para todos.
Esse tipo de postura foi justamente o que tanto dificultou a conclusão de acordos internacionais do Brasil com países desenvolvidos. Sempre que esses países se mostravam dispostos a entrar em acordo, eles apenas exigiam que houvesse uma maior flexibilização nas leis trabalhistas, maior segurança jurídica de contratos e garantias de que o comércio exterior fosse o mais livre possível, algo que é o motor para a valorização de investimentos estrangeiros e que propicia o crescimento econômico em qualquer país.
No entanto, ao saber disso, aqueles grupos políticos sempre se mancomunavam (e ainda se mancomunam) para “defender” a indústria nacional (conquanto mantivesse a população pagando caro pelos produtos nacionais), repudiar as empresas estrangeiras (conquanto aceitasse o investimento delas no país) e atender as exigências de empresários locais com subsídios e concessões (conquanto tais empresas não mais necessitassem desses privilégios).
O atraso brasileiro no crescimento econômico é de dar vergonha quando o comparamos com países vizinhos, como o Chile, que até então era o único país sul-americano a ter acordos comerciais com países europeus. O país dito tropical se encaminha para mais uma década perdida, o primeiro foi nos anos 80, e muito devido justamente a atuação de grupos políticos protecionistas/nacionalistas e movimentos sociais que exigem igualdade cegamente em vez de maior liberdade econômica.
Para o indivíduo que se aborrece em ler tudo isso, e que começa a perceber quem de fato são os inimigos do país, que possam em todas as eleições verificar o perfil econômico daqueles em que pretendem votar, mesmo para as eleições locais (prefeitos e vereadores). Não eleger políticos protecionistas é um bom serviço para que mais Medidas Provisórias como a de Liberdade Econômica possam ser aprovadas, beneficiando a todos nós, tanto empreendedores como consumidores.
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