Santa hipocrisia!
Imagem ilustrativa.
MÔNICA BASTOS | Embora algumas pessoas consideram o aborto como uma prática moralmente reprovavél, é bem mais que isso. No Brasil, o aborto é crime, exceto em casos decorrentes de estupro, quando há risco à vida da gestante e/ou diante de um diagnóstico de anencefalia do feto.
Esse é um tema que quando colocado em pauta, gera debates. E foi o que aconteceu no final do mês passado, quando a notícia de que uma menina de 11 anos, grávida, havia sido impedida de interromper a gestação proveniente de um estupro, virou manchete.
No caso em questão, a menina ao descobrir a gravidez, e ao ser encaminhada a um hospital de Florianópolis, teve o procedimento de aborto negado. O caso foi parar na justiça e por conta disso, ela chegou a ficar mais de um mês em um abrigo, e no despacho que autorizou o acolhimento, a juíza justificou dizendo que tal medida era para que a menina não fizesse o aborto.
Após uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), o procedimento de interrupção da gestação foi realizado.
Na ocasião, o assunto gerou discussões nas redes sociais. Famosos e anônimos deram seus palpites. Até o presidente da República usou o seu perfil do twitter para falar do assunto. De acordo com Bolsonaro, era inadmissível falar em tirar a vida desse ser indefeso. A comentarista Henkel, em determinado programa da Jovem Pan, disse que era algo demoníaco.
O assunto também chamou a minha atenção, não no sentido de defender ou não o aborto, até porque, tenho minhas próprias convicções, mas da inconveniência do ser humano em dar palpite na vida alheia. Uns diziam: ‘tem que abortar, é só uma criança vítima de estupro, e com uma gravidez de risco’. Outros, ‘não pode abortar, aborto não é de Deus, aborto é crime’.
Discutir o tema é super válido e necessário, o assunto é de grande valia. No entanto, criticar a decisão, a escolha do outro é diferente. Até porque, quanto estamos pagando para dar palpite?
Sim, porque antes de dar palpite, em relação às decisões alheias, de antemão devemos nos prontificar a ajudar no que for preciso. De longe, tudo é tão fácil. É tão fácil criticar, difícil é se colocar no lugar do outro, é ter empatia. É tão fácil analisar e criticar as escolhas do outro; difícil mesmo, é ir lá, e segurar em sua mão.
É tanta gente incapaz de cuidar da própria vida, dizendo para o outro como viver. É tanta gente perdida, sem saber que caminho seguir, ensinando outros a direção a ser seguida. Santa hipocrisia!
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